O Brasil investigou se agentes do serviço secreto francês promoveram ação de sabotagem para explodir a base de lançamento de satélites de Alcântara, no Maranhão. A informação foi publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S.Paulo.

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Em 2003, um acidente no local matou 21 pessoas, entre engenheiros e técnicos do CTA (atual Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial), órgão da Aeronáutica.

A publicação obteve documento secreto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que revelaria pelo menos três operações de contraespionagem cujos alvos eram espiões franceses e seus contatos brasileiros e estrangeiros. O objetivo seria proteger o setor espacial brasileiro da espionagem internacional.

Na segunda-feira, a Folha de S.Paulo já havia revelado que o governo brasileiro espionou diplomatas de países como Rússia, Irã e EUA. A Presidência afirmou que eram ações de contraespionagem.

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Segundo as informações desta terça-feira, o governo tinha informações sobre espionagem internacional em Alcântara. Após o acidente, a investigação sobre as suspeitas de sabotagem prosseguiu, segundo um ex-dirigente da Abin que pediu para não ser identificado.

Apesar dos indícios de espionagem apontados pela Abin, o governo não encontrou provas de sabotagem. Oficialmente, a explosão foi provocada por uma pane elétrica que causou ignição antecipada de um dos propulsores do foguete.

A localização da base brasileira no Maranhão é considerada uma das melhores do mundo para o lançamento de foguetes com satélites comerciais, pela proximidade ao Equador. A estimativa é que os lançamentos de Alcântara economizem até 30% em combustível.

Se desse certo, a base de Alcântara (que está sendo reconstruída) se transformaria na única concorrente do Centro Espacial de Kourou, localizado na Guiana Francesa, território que faz fronteira com o Brasil e que pertence ao país europeu.

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Até 2003, ao menos oito relatórios de inteligência foram produzidos sobre o caso.

Procurada, a Embaixada da França não se manifestou.