A Brigada Militar de Três Passos abriu Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o policial militar que deixou de registrar ocorrência da noite em que esteve na casa do médico Leandro Boldrini, em agosto de 2013, para apurar uma denúncia de gritos na região.
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O atendimento ocorreu no dia em que o médico teve uma briga com o filho Bernardo Uglione Boldrini – registrada em vídeo com os gritos de socorro do menino.
Bernardo foi morto em 4 de abril. Quatro pessoas estão presas pelo crime, entre elas, o pai e a madrasta do menino, Graciele Ugulini.
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Uma sindicância feita pela BM e concluída em outubro apurou que a guarnição falhou por não ter feito um Boletim de Atendimento, procedimento obrigatório na corporação. A partir disso, foi aberto o processo contra o PM mais antigo da equipe, que seria o responsável por fazer o registro.
Quando o vídeo da briga veio à tona, na primeira audiência judicial sobre a morte de Bernardo, a Brigada foi surpreendida pela informação de que PMs haviam estado no local naquela noite. Boldrini falou na gravação que havia brigadianos na frente da residência.
Quando Zero Hora questionou a BM de Três Passos sobre como havia sido feito o atendimento, foi aberta a sindicância para identificar os PMs que atuaram no caso e as circunstâncias da ocorrência. A informação do comando do 7º Batalhão de Polícia Militar, no entanto, era de que o chamado foi anônimo e não referia problemas na residência de Boldrini.
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Conforme o major Diego Munari, a pessoa que ligou informou apenas sobre gritos na região da caixa d’água. A casa dos Boldrini fica na frente da sede da Corsan na cidade. Pela apuração feita na sindicância, os PMs abordaram “transeuntes” para saber sobre os gritos, e bateram na casa para falar com Boldrini.
Segundo relato feito pelo PM na sindicância, o médico disse não ter ouvido nada. O PM contou ter visto na janela do segundo andar da casa uma mulher (Graciele Ugulini, mulher de Boldrini) segurando um bebê e um menino (Bernardo).
A chegada dos PMs no local interrompeu uma intensa briga entre Bernardo, o pai e a madrasta. Naquele noite, o menino gritara por socorro mais de 30 vezes e se trancara em um armário implorando para não ser mais gravado.
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Assista aos vídeos:
O major Munari explicou que foi descartada conduta que se enquadre em crime por parte dos PMs, sendo apontada apenas falha administrativa, do não-registro do atendimento.
Ele disse também não poder dar mais detalhes da conclusão da sindicância pelo fato de o caso seguir em apuração no PAD. O resultado da apuração já foi enviado para a Justiça Militar. A BM não informou quem são os PMs que atenderam a ocorrência.
Como teria ocorrido o crime: