O grupo de caminhoneiros que bloqueia a BR-101 afirmou que não liberará a rodovia na madrugada desta sexta-feira. Mais de cem motoristas participam do protesto, e impedem a passagem de caminhões pela via em ambos os sentidos. O acesso de outros veículos é permitido.

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Durante a tarde desta quinta-feira, a categoria chegou a bloquear totalmente a passagem de veículos no sentido Santa Catarina-Rio Grande do Sul, o que causou congestionamento de mais de um quilômetro. À noite, apenas a passagem de caminhões era impedida.

– Não vamos sair daqui. Vamos nos revezar acordados até que o governo ofereça uma proposta de redução do diesel – afirmou o manifestante Ismael de Sá Cardoso, 33 anos.

Filho de caminhoneiro e com dois irmãos seguindo a profissão do pai, Cardoso dirige caminhões desde os 19 anos. Autônomo, atua no transporte de diferentes tipos de carga até São Paulo, mas relata que terá de abandonar o ofício caso as condições de trabalho não melhorem.

– O combustível e os pedágios aumentaram, mas o preço do frete continua o mesmo. Se continuar assim, não conseguirei seguir na profissão até o final do ano – lamenta Cardoso.

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Morador de Torres, o motorista pretendia passar parte da madrugada na manifestação, localizada no quilômetro 25 da rodovia, em Três Cachoeiras. Além dos motoristas às margens da BR-101, mais de quatro mil caminhoneiros estão na cidade, com os veículos estacionados nas ruas do município.

Conhecida como cidade dos caminhoneiros, por possuir cerca de 700 moradores que seguem a profissão, Três Cachoeiras se transformou em base para o movimento. As principais ruas estão tomadas por caminhões, faixas informam o apoio de professores e de mulheres ao protesto, e a prefeitura ofereceu alimentação aos manifestantes. Cerca de mil refeições foram servidas ao meio-dia e à noite no salão paroquial da cidade, preparada por voluntários.

– Não há família sem relação com ao menos um motorista de caminhão na cidade. Por isso, estamos acolhendo e oferecendo conforto aos manifestantes – informou o prefeito Nestor Sebastião, que acompanhou o jantar no salão paroquial.

PRF informará placas dos caminhões parados na BR-101 à AGU

Na quarta-feira, a Justiça Federal deferiu um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) que pedia a liberação do trânsito na BR-101, bloqueado desde o dia anterior. A liminar determina também a desobstrução dos acostamentos da rodovia, que teria de ser feita a partir das 8h de quinta-feira.

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A Justiça ainda autorizou o acionamento da Força de Segurança Nacional para a liberação da rodovia, caso haja necessidade. Segundo a liminar, o acionamento pode ser feito por um oficial de Justiça, pela AGU ou pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A 1ª Vara Federal de Capão da Canoa também estabeleceu multa de R$ 5 mil por hora para os motoristas que desobedecerem a decisão, além do enquadramento na infração prevista no artigo 174 do Código de Trânsito Brasileiro, de manifestação em via pública sem autorização.

A PRF está anotando as placas dos caminhões parados sobre a pista e repassará as informações à AGU. O órgão não informou se acionará ou não a Força de Segurança Nacional.

A tropa, cujo efetivo não foi informado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) por “questão de segurança”, está de prontidão, mas só deverá agir mediante pedido da PRF.

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Desde o início dos protestos promovidos por caminhoneiros, 19 ações foram ajuizadas na Justiça Federal do Estado pedindo a liberação de rodovias. Entre os autores estão a Advocacia-Geral da União (AGU), o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat/RS) e a empresa BRF S/S.