O WhatsApp virou ferramenta para bloquear rodovias. Em gabinetes de deputados ou na tentativa de uma agenda no Planalto, os caminhoneiros Ivar Luiz Schmidt, Márcio José Correa e Celso Dalbosco passaram a quinta-feira em contato com colegas parados em diversos pontos do Brasil. O trio integra o recém-criado Comando Nacional do Transporte, que se apresenta como uma das lideranças da mobilização que fecha estradas pelo país.
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– O telefone não para, passo o dia mandando e recebendo mensagens. É Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Sul. Falamos com mais de cem líderes de paralisações – relata o gaúcho Márcio, 36 anos, que deixou seu caminhão parado em Nonoai ao lado dos três veículos de Celso.
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Os três caminhoneiros têm perfil similar: casados, dois filhos e acostumados a realizar fretes de grãos. Eles negam qualquer acordo com o governo pelo final dos bloqueios. Também refutam relações com sindicatos, federações ou empresas, além de apoio de partidos políticos, apesar de terem recebido auxílio de deputados do PP.
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– O movimento é apartidário, não tem relação com impeachment da Dilma ou qualquer coisa do gênero – assegura Ivar.
Catarinense de Palmitos, Ivar, 43 anos, vive em Mossoró (RN) e tem um caminhão. Em dezembro, criou o Comando Nacional do Transporte, que ganhou página no Facebook. A ideia era promover protestos em 1º de abril, porém a alta dos combustíveis antecipou a manifestação, que se iniciou no Centro-Oeste.
– A gente conhece muita gente pelo Brasil, porque para nos postos, conversa, troca telefone. O movimento foi crescendo – afirma.
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Um dos contatos de Ivar, Márcio e Celso no Rio Grande do Sul é Odi Antonio Vani. Aos 42 anos, 19 na boleia, Vani toca com o pai Azelino uma pequena transportadora, com dois caminhões, em Palmeira das Missões. Acostumado a participar de manifestações nas últimas décadas, Vani nega ser filiado a partidos ou sindicatos. Diz que cansou de esperar por um melhor tratamento do governo com os caminhoneiros.
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– Sindicato parou de resolver nossos problemas, não consegue com o governo os pedidos da categoria. Com o preço do diesel, não vale a pena tocar no caminhão – afirma.