Imagine que a avalanche de informações multiplicada a cada segundo na internet pode ser monitorada em tempo real e, a partir do trabalho de interpretação dos dados, garantir estratégias de negócios mais certeiras. Batizado de big data, esse método tornou-se uma tendência no meio empresarial e permite às empresas conhecerem melhor os clientes e seus hábitos.
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A tradução ao pé da letra seria ¿grandes dados¿, mas a definição do inglês não se limita ao volume de informações: saber o que fazer com os dados é tão importante quanto obtê-los. Com as ferramentas de software adequadas, as empresas já podem ter uma leitura mais precisa do caos de informações na esfera virtual para tomar decisões como o desenvolvimento de produtos, corte de gastos e otimização de processos.
Se uma rede de supermercados, por exemplo, identifica que em dias chuvosos os clientes costumam acessar com maior frequência as redes sociais, seus profissionais de marketing podem deixar determinadas publicações para os momentos de chuva, otimizando o alcance. Trata-se de um caso hipotético e específico, mas que ilustra o potencial do big data.
– Podemos usar uma série de dados para obter insights, tentar fazer previsões. Temos como usar dados de clientes e cruzar com o mercado, com tendências na televisão, por exemplo, e levantar hipóteses. O dado passa a ser interpretado e vira informação – explica Gabriel Costa, gerente de marketing da Resultados Digitais, empresa voltada à implementação de marketing digital com sede em Florianópolis.
A Resultados Digitais usa big data para otimizar o processo de aproximação com clientes em potencial, identificando como investir melhor e com maior possibilidade de fechar negócio. O banco de dados considera informações internas e das empresas no mercado.
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Na medida em que os contatos são realizados, aponta o gerente de marketing, o software passa por atualizações que indicam maior ou menor probabilidade de acerto futuro, como se a máquina aprendesse com os resultados já obtidos.
A prática do big data em Santa Catarina, assim como no Brasil, ainda dá seus passos iniciais. Mas isso não significa que as empresas tenham de esvaziar os cofres para acessar as ferramentas de organização de dados. Há plataformas desenvolvidas no conceito open source (softwares de distribuição livre), diz Costa, que tornam a tecnologia mais acessível:
– Até pouco tempo era preciso recorrer a grandes empresas para esse serviço, mas hoje já soluções de tecnologia para análise relativamente baratas.
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Perfil do profissionalainda em construção
Os profissionais que já atuam no mercado de big data formam um perfil ainda em construção. Como as atribuições da função misturam características de programador e de analista de dados, a definição que vem à tona é a de cientista de dados. Bruno Meireles Guitarrari é um dos profissionais que atua nessa área na Resultados Digitais.
– O trabalho começa pela organização das informações da empresa. Grande parte do trabalho é estruturar os dados e, depois, transformar as informações em ações que garantam resultados práticos – descreve Guitarrari.
Mecanismos semelhantes de big data podem servir para a polícia definir estratégias de combate ao crime e também no esporte. O filme Moneyball – o Homem que Mudou o Jogo, adaptado do livro para o cinema com Brad Pitt no elenco, conta a história real de um dirigente de beisebol que montou equipes competitivas com orçamentos extremamente limitados, amparando as contratações em bases de dados.