A integração de modais de transporte é um conceito defendido hoje por especialistas para diminuir os problemas de mobilidade nas cidades. Mas em Florianópolis está difícil colocar em prática esse princípio. A prova é que os bicicletários construídos junto aos terminais de integração foram abandonados ou extintos, como o de Santo Antônio de Lisboa, que serve até de garagem para carros.

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Hoje o único bicicletário que está aberto, porém sem vigia, é o da Lagoa da Conceição. Poucos ciclistas deixam as bicicletas no local, outros preferem acorrentar nas cercas do terminal de integração para ficar a vista de todos. Segundo a comunidade, um morador de rua usa o espaço para dormir.

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Assim como o da Lagoa, outros dois bicicletários – de Canasvieiras e Santo Antônio de Lisboa – foram construídos há cinco anos pela prefeitura, que não criou um sistema para administrar o espaço. O resultado foi o abandono ou transferência para outros órgãos.

Para o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador da Câmara de Mobilidade do Fórum da Cidade, Werner Kraus, seria interessante os terminais manterem bicicletários como uma forma das pessoas que moram em ruas onde passam poucos ônibus acessarem o transporte coletivo de forma mais ágil.

– Além de garantir bicicletários, o fundamental seria ter mais ciclovias e ciclofaixas para as pessoas chegarem com segurança até os terminais de ônibus. Existe uma dificuldade do poder público em trabalhar a intermodalidade. Isso é fruto da carência em planejamento, falta pessoas capacitadas – analisa Kraus.

Em 2010, a Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (Viaciclo) fez um estudo sobre a situação dos bicicletários para solicitar a prefeitura a solução do problema. Mas não houve uma ação da gestão pública.

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– Fizeram um espaço legal, mas não souberam administrar. Depois entregaram a outros órgãos e deixam uma estrutura qualquer para a bicicleta – lamenta o presidente da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (Viaciclo), Daniel de Araújo Costa.

Segundo o secretário de Transportes, Marcelo Roberto da Silva, os bicicletários deixaram de ser utilizados e foram entregues para outros tipos de uso pela falta de ciclovias e ciclofaixas que chegassem até esses locais. No entanto, no Norte da Ilha, há vias ciclistas próximo ao Terminal de Integração de Canasvieiras (Tican), como na SC-401.

Bicicletários desativados

O espaço do bicicletário de Canasvieiras foi direcionado para o Corpo de Bombeiros. Esse terminal é o mais acessado por ciclistas, que vem dos bairros pedalando para tomar o ônibus no local. Normalmente existem mais de 40 bicicletas acorrentadas nas cercas ou nos paraciclos (equipamento de ferro onde se acorrentam bicicletas, que ao contrário dos bicicletários, ficam em locais sem cobertura).

A fotografa Tamires Ribeiro Alves, de 25 anos, é uma das moradoras da Vargem Grande, no Norte da Ilha, que prefere ir de bicicleta até o terminal de Canasvieiras para tomar o ônibus para o Centro. Isso porque, dependendo do período do dia, o intervalo entre os horários dos carros passa de uma hora.

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– Para vir ao terminal, levo só 15 minutos de bicicleta. É mais rápido. Só que preferia que existisse um bicicletário para deixar a minha bike – diz Tamires.

Em Santo Antônio de Lisboa, o bicicletário virou sede da Intendência Distrital e abriga pás, enxadas e até carro de funcionário. O terminal da Trindade possui estacionamento para 12 bicicletas e o do Rio Tavares tem paraciclos para 22 bicicletas, contando com aquele que fica em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul. No Terminal de Integração do Centro (Ticen), há placas que proíbem acorrentar as bicicletas nas grades.