Um telefonema na sexta-feira entre policiais civis do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina marcou o início da última etapa pela captura do assaltante Luciano da Silveira, 35 anos, o Puro Osso. Natural de Criciúma era chefe de uma quadrilha no RS.

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O assaltante foi preso neste domingo, em Araranguá, Sul de SC, cidade que faz limite com Sombrio, onde é suspeito de roubo a banco com dinamite, em novembro. A região fica a cerca de 250 quilômetros de Porto Alegre.

A Delegacia de Polícia da Comarca (DPCO) de Sombrio foi avisada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) do RS, responsável pela investigação, que o suspeito de participar de um dos maiores assaltos do Rio Grande do Sul em 2012 estava “na área”. Foragido desde o roubo a fábrica de joias em Cotiporã (RS), em dezembro passado, Puro Osso estaria escondido há uma semana na casa às margens da BR-101, na altura do trevo principal de Araranguá.

Um telefonema do quadrilheiro feito de seu celular interceptado para o telefone fixo da casa onde ele estava escondido foi determinante para sua localização, pelo Deic/RS. Na ligação, Puro Osso teria falado com uma mulher, possivelmente sua esposa. Ele teria perguntado sobre sua preferência sobre um acessório para videogame. A ligação foi feita no Centro de Araranguá.

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Policiais vestem bermudão e touca

Por volta das 22h de sábado, cerca de 18 policiais do RS e de SC se reuniram na DPCO de Sombrio. Às 2h, o policial Glauter Soares, de Sombrio e dois delegados do Deic/RS foram até o esconderijo do quadrilheiro, conhecer a área. Soares contou que eles se vestiram informalmente, de bermudão e touca para se parecerem com pessoas comuns daquela região de prostituição e tráfico de drogas.

Eram cerca de 4h quando confirmaram a presença do assaltante. A residência em nome de uma mulher seria de um conhecido com passagem pela polícia. Lá dentro viram movimentação, gente conversando. E ouviram voz de homem.

– Tivemos 99% de certeza que era o Puro Osso. Senti bastante adrenalina. Sabíamos que ele poderia estar armado, principalmente de fuzil, arma que costuma usar nos roubos a banco – disse Soares.

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O restante dos policiais se encontrou na Central de Polícia de Araranguá para montar a estratégia.

– A preocupação era que Puro Osso fugisse, já que é pinoteador (bom de fuga) – disse o policial Soares.

Depois que conseguiu escapar do cerco policial na serra gaúcha, por um período o assaltante ficou escondido em um hotel no RS. Ele ouviu um barulho e achou que era a polícia. Pulou do quinto andar e caiu em cima de uma caminhonete. Saiu andando normalmente. Na verdade, eram turistas.

Puro Osso demonstra frieza durante prisão

Em Araranguá, o domingo de Páscoa estava amanhecendo quando a polícia cercou a casa simples. Lá dentro, Puro Osso dormia. O policial Soares disse que pulou para o pátio, nos fundos da casa, seguido de um agente do Deic/RS enquanto os outros faziam a segurança da área.

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– A porta estava aberta. O coração saltou. Não dava tempo de pensar. Entrei em alerta total. Gritei polícia e arrombei o quarto trancado. Dei de frente com o Puro Osso levantando da cama. Primeiro ficou assustado. Depois parecia extremamente calmo como se fosse comum aquela situação para ele – contou Soares.

Bronzeado, Puro Osso estava de bermuda e sem camisa. Disse que não iria reagir. Foi algemado. A esposa ficou encolhida em um canto. Estava nervosa e chorou. A polícia contou que o assaltante disse que veio a SC descansar. Na casa estavam também uma outra mulher e duas crianças. Um colete a prova de balas, um tablet, uma espingarda calibre 12, um revólver calibre 38, munições de 38, placas de carros e um chassi foram apreendidos.

Na saída, Puro Osso se vestiu e mandou a esposa fechar a casa. Por volta das 6h, entrou no carro do Deic/RS rumo a Porto Alegre. Antes de ir embora, riu quando um dos policiais lhe desejou Feliz Páscoa.

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Polícia investiga conexão de assaltantes de SC e RS

A polícia catarinense diz que é comum a prisão de assaltantes gaúchos em SC. As quadrilhas fazem parcerias em crimes, principalmente assaltos. Atacam em um estado e fogem para outro.

A própria equipe da DPCO de Sombrio prendeu, em dezembro, integrantes da quadrilha de Elisandro Falcão, parceiro de Puro Osso, que acabou morto no assalto em Cotiporã. A prisão aconteceu no RS, um mês depois da explosão no Banco do Brasil de Sombrio, crime que os dois quadrilheiros teriam liderado. Puro Osso e Falcão também são suspeitos pelo ataque a um carro-forte na Serra Dona Francisca, em 2012, e pelo assalto em Praia Grande, em 2011. Os dois em SC.

No ataque que levou pânico a Serra Gaúcha, em dezembro, moradores foram feitos reféns e além de Falcão morreram outros dois quadrilheiros durante tiroteio com a Brigada Militar (PM).

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