O combate às quadrilhas de assaltantes de banco que agem no interior de Santa Catarina, considerado prioritário pela Secretaria de Segurança Pública, inclui uma preocupação em especial às polícias: a ação dos bandos que usam a modalidade de ataque conhecida nacionalmente como Novo Cangaço. São os criminosos que fazem reféns na frente das agências como escudos humanos, aterrorizando a população e impedindo reações policiais para garantir a segurança na fuga.

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A polícia usa o termo Novo Cangaço em referência à famosa quadrilha do cangaceiro Lampião. Nos últimos anos, no Nordeste brasileiro, bandidos especializados em roubar agências bancárias passaram a sitiar cidades com armas de grosso calibre, usando a população de refém e atirando para amedrontar.

A onda desse tipo de modus operandi se espalhou e chegou ao Sul do Brasil. Em Santa Catarina, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, aponta quatro assaltos ao estilo Novo Cangaço no Estado desde 2014, geralmente em municípios com baixo efetivo policial. O mais recente foi na segunda-feira passada (dia 2), em Praia Grande, Sul catarinense, quando ladrões com fuzis invadiram dois bancos no Centro, usando como reféns clientes e o gerente do Banco do Brasil.

Os outros roubos semelhantes com escudo humano aconteceram no dia 11 de abril deste ano em Balneário Piçarras (litoral Norte); em 30 de junho de 2015, em Timbó Grande (Planalto Norte); e em 1º de agosto de 2014 em Santa Cecília (Serra). Em todos eles houve tensão às pessoas imobilizadas por criminosos sob a mira de armas e ameaças de morte diante de qualquer movimento suspeito. Em Piçarras, numa ação considerada surpreendente e depois de intenso tiroteio, a Polícia Militar conseguiu encarar e prender os bandidos após perseguição.

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— Até agora foram essas quatro ações do Novo Cangaço em SC, geralmente em pequenas cidades. Elas exigem uma preservação muito grande do local pela polícia, diante do risco aos reféns. Essas quadrilhas também agiram em outras cidades da Serra e Meio-Oeste, como Irani, Seara e Itaiópolis, e praticamente todas foram presas — comenta o delegado da Deic, Anselmo Cruz, titular da Divisão de Antissequestro e Roubos.

Quadrilhas do Paraná e Rio Grande do Sul

Os integrantes eram, na maioria, do Paraná, região da divisa com São Paulo, mas tinham braços catarinenses, que também foram presos. Outros meios clássico de ataque a bancos em SC, como o uso de explosivos para estourar os caixas eletrônicos e os arrombamentos sem violência liderados por ladrões de Joinville, os conhecidos caixeiros, têm diminuído.

— Houve uma decaída no número de casos pelo Estado em relação aos últimos anos. O que acontece é uma confusão com a ação dessas quadrilhas do Novo Cangaço, que são violentas e acabam trazendo essa sensação de insegurança. São quadrilhas bem mais diferentes e grupos completamente distintos — explica o delegado, acrescentando que há investigações em andamento contra bandos do Paraná e Rio Grande do Sul que estão agindo em SC.

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“Resposta a altura”, diz comandante do Bope

Para os enfrentamentos com quadrilhas violentas e que se embrenham em matas na fuga, a Polícia Militar conta com um grupo de policiais que recebem treinamento específico: são os integrantes do Cobra (Comando de Operações Busca Resgate e Assalto), uma fração de PMs existente no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). O grupo foi enviado recentemente na caçada em Praia Grande.

— A segurança tem que acompanhar a evolução dessas quadrilhas. Estamos nos preparando para responder a altura — diz o comandante do Bope, major André Luís Binder.