Em Balneário Camboriú não há mais cobradores nos ônibus urbanos da Expressul. Desde 2001, a empresa extinguiu a vaga e afirma que o serviço tem funcionado sem maiores problemas. A Expressul conta com 23 ônibus, cerca de 10 linhas e quase 50 motoristas.

Continua depois da publicidade

– Com o advento do cartão ficou muito mais simples. Na baixa temporada, de março a dezembro, 80% do uso é com cartão. E ao contrário do que dizem a cobrança pelo motorista não aumentou o número dos acidentes e incidentes – diz o administrador da Expressul, Evandro Luiz Ern.

Outro caso que demonstra a redução dos cobradores ocorre na Viação Praiana, mas somente em ônibus que fazem as linhas municipais de Camboriú e Itapema. A empresa conta com 50 carros em circulação, 46 cobradores e 47 linhas, entre trajetos municipais e intermunicipais.

– A Praiana não tem perspectiva de retirada de cobradores. Somente nessas duas cidades os motoristas dirigem e cobram. Nos locais funciona bem porque o movimento é menor. Na linha intermunicipal não temos interesse em retirar os cobradores – comenta Rodrigo Werner Seára, gestor de TI da Praiana.

Seára também explica que a vaga de cobrador tem uma mão de obra complicada por lidar diariamente com dinheiro, então a rotatividade é grande.

Continua depois da publicidade

– Sempre recebemos currículos e fazemos entrevistas com cobradores para nosso banco, estamos sempre buscando. Além disso, só deixamos o motorista sozinho porque sabemos que o movimento é menor e não afeta o tempo da viagem – conclui.

O gestor de mercado de uma agência de recursos humanos de Itajaí e região, Valério Neis, também confirma as informações das empresas. Segundo ele, vagas que não exigem qualificação estão com mão de obra escassa. De 426 postos abertos na agência para as cidades de Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú, cerca de 350 são destinados a funções operacionais e que demoram a ser preenchidas.

– Apesar das empresas não exigirem quase nada de requisitos, muitos não aceitam as ofertas, em função do horário, salário ou trabalho no final de semana. Esse perfil está em falta – comenta Neis.

O exemplo de Joinville

A cidade de Joinville completa neste mês 13 anos da instalação do transporte integrado. Quando foi implantada a bilhetagem automática em 2001, também foi extinta a função do cobrador de ônibus. A partir dai os motoristas passaram a dirigir e cobrar. Conforme o gerente da Passebus, Nelson Rogério Stähelin, os cobradores foram reaproveitados em outras vagas criadas pelo novo sistema.

Continua depois da publicidade

– O que houve foi uma substituição de funções. Os cobradores foram preparados para ser motoristas e alguns receberam qualificação para outros cargos. Neste período de existência foram criados mais de 300 empregos diretos – explica.

Segundo Stähelin, a mudança foi gradativa e muito tranquila.

– Muito poucas pessoas utilizam dinheiro, a maioria compra o passe antecipado. E o motorista tem que cobrar parado. Não gera atrasos.

Joinville conta com três opções de passe: o cartão retornável, que volta para a empresa quando terminam os créditos; o cartão de vale-transporte distribuído pelas empresas; e o cartão ideal Joinville para pessoas físicas.