Um documento da Polícia Militar feito logo após um acidente com vítimas graves na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, contradiz o laudo divulgado na quarta-feira pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), feito quatro horas depois. O documento da instituto afirma que o médico Gustavo Morelatto, 32 anos, não apresentava sinais de embriguez no momento da avaliação, enquanto o documento assinado pelo policial que atendeu a ocorrência indica que o médico apresentava sinais de que havia bebido.

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Morelatto era o motorista do Mercedes que bateu de frente em um Sandero no último domingo. O acidente deixou dois dos três passageiros do Sandero ficaram gravemente feridos – um deles, Wellington Marcomini, 27 anos, corre risco de morte.

Preenchido no local logo após o acidente, o auto da PM aponta que Morelatto teria apresentado hálito alcoólico, desordem nas vestes e reagia com ironia à situação. Além disso, não saberia onde estava, qual era o seu endereço, o dia e o horário e nem quais os atos que teria cometido. Estaria, ainda, com dificuldade no equilíbrio e com fala alterada. O Auto de Constatação de Sinais de Embriaguez só foi preenchido pela PM porque o médico negou-se a fazer o teste do bafômetro.

Já no documento do IGP, a embriaguez foi descartada após um exame clínico visual, no qual o médico perito levou em conta a aparência, as atitudes, a orientação, a memória e a capacidade motora e verbal de Morelatto naquele momento. Segundo o documento, ele também não apresentava desordem nas vestes, nem odor de álcool no hálito e também estaria bem orientado a respeito de onde estava, onde morava e o que havia acontecido.

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O exame, porém, foi realizado às 4h10min, cerca de quatro horas após o acidente – período que, segundo a assessoria de imprensa do IGP, é suficiente para mudar as atitudes de uma pessoa. O único fator capaz de confirmar se haveria ou não embriaguez, independentemente do período transcorrido, seria um exame de sangue. E, conforme o laudo, preenchido a próprio punho pelo perito, Morelatto não teria concordado em se submeter a ele.

Mesmo sem ter visto o documento, o advogado que o representa, Francisco Ferreira, segue reforçando a mesma teoria: o jovem só não fez o exame de sangue porque não foi solicitado a ele.

– A versão de que ele não concordou com o exame é a do médico perito. É contrário ao que diz o Gustavo, que fez tudo o que foi pedido. Por que, então, o médico não pediu a ele para assinar essa negativa no laudo?-questiona.

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