Nova fuga registrada no Complexo Prisional na manhã desta segunda-feira em Florianópolis põe mais uma vez em xeque a segurança da maior estrutura prisional da Grande Florianópolis. Dois detentos escaparam da Penitenciária em menos de sete dias. No acumulado do primeiro semestre de 2015, foram 18 fugitivos e apenas oito recapturas, conforme dados da Secretaria de Justiça e Cidadania, do Governo do Estado de Santa Catarina.
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Em entrevista à Hora, o diretor do Departamento de Administração Prisional, Edemir Alexandre Camargo Neto, explica o episódio, diz o que está sendo feito para aprimorar os procedimentos internos e reforça a necessidade de construção de uma nova unidade. Veja:
Hora de Santa Catarina – Como aconteceu essa fuga mais recente?
Edemir Alexandre Camargo Neto – Segundo informações que me foram passadas, ele tinha sido deslocado da ala de extensão da unidade para o setor de saúde, que presta serviços diários aos presos. No retorno do deslocamento, o agente abriu a viatura para retirar dois internos, quando ele se desvencilhou da algema e do marca-passo com um fragmento de plástico retirado de uma colher, e saiu correndo por trás, no Maciço do Morro da Cruz, onde não tem muralha. Só tem muro ao redor de cada unidade, mas não nos fundos do complexo. A corregedoria irá apurar outros detalhes com os servidores envolvidos nesse episódio.
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Hora – O fato de não ter esse muro ao redor do complexo é um ponto falho da segurança, então?
Alexandre – Não é um muro pequeno, são 30, 40 metros que devem ser construídos para que seja fechada toda a parte dos fundos. Estamos avaliando o investimento. Mas a minha prioridade enquanto gestor é a construção de uma nova unidade prisional para o Complexo da Grande Florianópolis. Como eu vou exigir da Secretaria da Justiça e Cidadania que utilize volumes enormes de recursos públicos para obras naquele presídio, que tem quase 85 anos, em vez de construir um projeto com arquitetura prisional inovadora e que atenda todos os requisitos de vivência, trabalho e educação? Nós já temos o recurso, o projeto e o terreno. Estamos esbarrando na liberação de alvará da prefeitura de São José. Também precisamos que outras cidades façam a adesão.

Helicóptero da Polícia sobrevoou arredores do Complexo nesta segunda-feira. Foto: Diórgenes Pandini/Agência RBS
Hora – Mas de qualquer forma a penitenciária da Agronômica continuaria a funcionar, né?
Alexandre – A gente começa a diminuir a quantidade de internos ali. De 27 a 28% dos detentos da Agronômica vêm da comarca de São José. Então se tivéssemos uma unidade ali, cujo projeto prevê 436 vagas, uma das alas daqui, que tem 980 vagas no total, poderia ser desativada.
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Hora – E o que está sendo feito enquanto a obra não sai?
Alexandre – Em primeiro lugar, o Governo do Estado chamou os classificados no concurso do Deap de 2013, que resultam em quase 300 novos agentes penitenciários. Eles têm 30 dias para iniciarem na escola penitenciária e, ao final, podem ser deslocados para atuarem no Complexo da Agronômica. A cada nova fuga, também temos nos reunido no Complexo e avaliado o que fazer para evitar a próxima. Estamos aperfeiçoando os procedimentos de segurança, principalmente nas revistas. Também estamos avaliando a possibilidade de melhorar, mas sem recursos volumosos. Apesar de a estrutura ser deficiente, a cada dia nós temos melhorado. Igual àquela fuga de 2011, não deverá mais acontecer.
Hora – Agentes novatos estão atuando na ala de segurança máxima?
Alexandre – Na verdade, a classificação ‘ala de segurança máxima’ não faz sentido em um presídio de 85 anos. Como que vai ter uma ala máxima dentro daquele complexo? Não tem. Há 85 anos, poderia existir, mas hoje não é mais. O perfil que a gente tem das pessoas detidas hoje é diferente daquele quando a unidade foi aberta.