Máquinas escavadeiras, poeira de cimento, lama dentro da sala, goteiras, marteladas na hora do descanso: é esse ambiente que as crianças encontraram na volta às aulas da creche Maria Barreiros, na Coloninha, região continental de Florianópolis. O ano letivo começou atrasado, na última segunda-feira, em meio às obras da unidade. E o transtorno deve seguir no mínimo por mais dois meses, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
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A creche atendia 98 crianças. Com a ampliação, passou a receber 160. No entanto, muitos pais que têm outra opção não estão levando os filhos para lá.
_ As condições são insalubres! Ou eles param a aula e continuam a obra ou param a obra e continuam a aula. Daqui a pouco uma criança pode pegar uma doença respiratória. A vigilância sanitária não pode autorizar isso — protesta o segurança Lucas Vieira, de 31 anos, pai de uma aluna de apenas 1 ano e três meses.
“Não dá para parar a obra“
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Além do transtorno, a diretora da creche, Janaína João, revela que a obra está cheia de falhas. O teto foi mal planejado e a água da chuva acaba entrando no prédio. O muro ficou muito baixo, sendo alvo fácil para ladrões. Fora que o parquinho foi destruído. Atualmente as 160 crianças têm apenas três gangorras e um gira-gira para dividir em uma hora de intervalo. Para corrigir esses erros, seria necessário um aditivo, o que levaria mais tempo, mais custos e há o risco de a prefeitura não ter dinheiro.
_ Não houve planejamento para receber essas novas crianças. As famílias fizeram rifas para comprar talheres, pratos, ventiladores. A prefeitura precisou remanejar mesas e cadeiras de outras creches. O material didático, por exemplo, foi pago pelos próprios professores. Nós estamos fazendo mais do que nosso dever, mas não dá para parar a obra _ alerta a diretora.
Conforme Janaína, os pais manterão a vaga na creche mesmo que não levem os filhos durante esse período. Pela lei, o aluno perde a vaga caso falte cinco dias seguidos sem justificativa.
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“Eu assino embaixo“
O secretário de Educação de Florianópolis, professor Maurício Perira, afirma que esses problemas foram uma irresponsabilidade da gestão anterior e questiona o planejamento da pasta na gestão Cesar Souza Jr.
_ É um exemplo da coisa mal feita. Eu assino embaixo de tudo que os pais e a diretora falaram. São várias escolas e creches com estado crítico de infraestrutura. Mas não temos condições de resolver tudo agora. Ainda tem alimentação atrasada, gás de cozinha, muitos débitos.
Segundo Maurício Pereira, das 115 unidades de ensino de Florianópolis, 40 estão em mal estado. No dia 02/03, o Hora de SC esteve na creche Maria Barreiras e noticiou que as obras atrasadas adiaram o início do ano letivo. Na ocasião, pais escreveram uma carta pedindo agilidade, pois havia não ainda sequer data para a unidade ser entregue.
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