Menos de um mês após um ataque de quero-quero a um árbitro assistente em uma partida do Inter de Lages pela Terceira Divisão do Campeonato Catarinense, outro momento hilário marcou uma partida de futebol amador com atletas da maior cidade da Serra Catarinense, ainda que as investidas do pássaro contra o bandeirinha tenham ocorrido no Estádio Hercílio Luz, em Itajaí.
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O novo lance bizarro do esporte lageano ocorreu na manhã do último domingo. Americano e Industrial decidiam o título do campeonato de futebol suíço para atletas com mais de 40 anos nos Jogos Comunitários de Lages (Jocol).
A partida, realizada no campo da Associação Pinheirinho, no Bairro Passo Fundo, estava no segundo tempo quando alguns torcedores começaram a se atirar ao chão. Logo em seguida, a mesária do jogo fez o mesmo. Instantaneamente, a atitude foi repetida pelos atletas reservas. Até que, ao perceber o que estava acontecendo, o árbitro Antonio Rogério Ozório tomou a decisão.
– Para o jogo agora. Todo mundo deitado no chão.
Um enorme enxame partiu para cima das cerca de 150 pessoas que estavam no local, entre jogadores e torcedores, e todas se obrigaram a deitar no gramado ou onde quer que estivessem para se proteger da fúria das abelhas.
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O fotógrafo Nilton Wolff, da revista O Goleador, acompanhava a partida. Ele conta que no momento nem se deu conta dos riscos que corria, pois o que lhe interessava era registrar as imagens dos atletas deitados no gramado. Até que alguém o advertiu, e só aí ele decidiu se proteger.
– Eu fiquei fazendo as fotos por instinto e alguém gritou “deite, seu louco”. Então senti as abelhas na minha cabeça e me joguei no chão. Era um enxame muito grande e barulhento.
Para Wolff, que tem 42 anos de idade e há 10 fotografa profissionalmente, além do ataque das abelhas, que ele nunca tinha presenciado, outros dois lances chamaram a atenção durante o episódio.
– O árbitro agiu como se fosse o comandante de um navio, pois só se preocupou com a própria segurança depois que todos estavam protegidos. Outra cena que me chamou a atenção foi a de um torcedor que deitou no chão e deixou o copo de cerveja sobre o peito para não derramar -, sorri o fotógrafo, que admite ter ficado um tanto tenso durante o ataque das abelhas.
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O comandante a quem Nilton Wolff se refere é Antonio Rogério Ozório. Com 67 anos de idade e há nada menos que 46 como árbitro, ele apitou importantes clássicos em estádios de todo o Brasil durante os 15 anos em que atuou no futebol profissional.
Ozório já precisou paralisar partidas por causa de chuva de granizo, mas por ataque de abelhas, foi a primeira vez. Na manhã deste domingo, ao constatar o risco a que os atletas estavam expostos, apitou bem forte como se estivesse encerrando a partida e determinou que todos deitassem imediatamente. E somente quando a sua ordem foi atendida é que ele ficou imóvel, em pé, junto a uma das traves, esperando as abelhas irem embora.
– Eu acompanho muitos documentários, e as orientações que sempre vejo é que em caso de ataque de abelha você deve deitar, ficar imóvel ou correr para dentro de água. Agimos certo, e felizmente tudo acabou bem.
Ainda que precise dar cartão vermelho a muitos e seja xingado por outros, Ozório sente-se responsável pelo bem-estar dos atletas durante os jogos que apita. Pai de quatro filhos e avô de dois netos, ele prioriza a segurança de todos e jamais abrirá mão disso.
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– Eu sou o comandante do jogo e tenho que fazer respeitar as regras. Mas num ataque de abelhas não existe regra, pois é algo inesperado, como aconteceu com o bandeirinha atacado pelo quero-quero no jogo do Inter de Lages. Minha primeira prioridade sempre será a integridade dos atletas.
Passado o ataque das abelhas, que durou aproximadamente dois minutos, o Americano derrotou o Industrial por 3 a 0 na decisão do campeonato e conquistou a taça – essa sim com o doce sabor da vitória.