Os números da violência em 2016 colocaram em alerta entidades, a população e as autoridades de São Francisco do Sul, no Norte do Estado. O total de assassinatos, principal indicador de violência, já superou este ano o número registrado todo o ano passado na cidade.
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Só na última semana, quatro pessoas foram mortas a tiros e facadas, somando 18 casos até o dia 14/6, ou seja, antes da metade do ano. No ano passado inteiro, o número chegou a 16 assassinatos. E não há registros oficiais de um número maior de homicídios na história do município.
– É a guerra do tráfico que está fazendo isso. A gente está com esse problema sério na nossa cidade – diz o major da Polícia Militar Jailton Franzoni de Abreu.
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De acordo com um levantamento feito por ele nos 18 assassinatos ocorridos este ano em São Francisco, 15 foram execuções com participação direta de traficantes ou integrantes de facções. Um dos casos foi passional, outro foi uma briga durante o carnaval e um terceiro foi um homem que acabou morto a tiros mas não tinha nenhuma ligação com o crime.
A delegada Tânia Harada, que trabalhou na cidade no último mês, concorda. Ela acompanhou pelo menos quatro homicídios ocorridos entre maio e junho e considera que a atuação dos grupos criminosos está aumentando as estatísticas de violência na cidade.
– Não sou a delegada titular. Estou substituindo apenas. Mas me parece, da análise que fiz deste crimes que ocorreram enquanto eu estava lá, que pode ter algo a ver com a disputa de facções, como em Joinville – diz a delegada, que tem em seu currículo a atuação no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
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O delegado que mais atuou na cidade nos últimos cinco anos e que hoje está em Itapoá não tem dúvidas. Segundo Leandro Lopes, a atuação do crime organizado está impactando na violência na cidade e, mesmo após operações especiais e prisões, os integrantes de facções se reorganizam.
Curiosamente, logo após grandes operações da Polícia Civil e da Polícia Militar para a repressão ao tráfico e a desarticulação de grupos criminosos, os índices aumentaram. Foi o que aconteceu em 2014, quando houve 14 assassinatos na cidade. Naquele ano, a Polícia Civil investigou, prendeu e indiciou dez pessoas em uma única operação.
O caso aconteceu logo após o atentado contra a casa de um policial militar, na praia de Ubatuba. Cinco pessoas foram identificadas na mesma noite. Outras duas foram presas em seguida. E mais três foram indiciadas posteriormente. Toda a investigação apontou para a desarticulação, na época, de uma célula do PGC em São Francisco do Sul, que incluía até mulheres e adolescentes.
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No começo deste ano, uma denúncia anônima levou os policiais a desarticular novamente um grupo que atuava na praia do Ervino. Mais uma vez, cinco pessoas foram presas. Eles usavam até um rádio com a frequência da Polícia Militar, o que possibilitava a antecipação das operações.
– Fiquei quase quatro anos em São Francisco do Sul. A equipe fez operações e prendeu várias pessoas. Mas a gente sabe que eles, os grupos criminosos, estão se articulando novamente – diz Leandro Lopes.
Segundo a Polícia Civil, o aumento da criminalidade está diretamente ligado à atuação das facções criminosas e a disputa pelo controle do tráfico de drogas na região. Desde 2014, pelo menos 17 pessoas foram investigadas e presas pela participação no Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
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