Preocupado com ação criminosa no interior do município, o Conselho de Segurança (Conseg) do bairro Vila Nova, onde o agricultor Oscar Schmücker, 73 anos, foi espancado e morto dentro de casa na noite de terça-feira, convocou uma reunião extraordinária e de emergência para a próxima segunda-feira, dia 11.

Continua depois da publicidade

Os integrantes do conselho estão preocupados com o registro cada vez mais intenso de atos criminosos na região, fatos que vão desde furtos de equipamentos até latrocínio, como foi o caso do agricultor.

Leia as últimas notícias de Joinville e região

Schmücker era morador do bairro há mais de 70 anos e conhecido em praticamente todas as localidades do interior do Vila Nova. Ele vendia melado e cuidava de pequenas criações de animais na propriedade da família, na Estrada Salto 2, que liga a Estrada Blumenau à região conhecida como Serrinha. Mesmo com mais de 70 anos, passava o dia andando pela lavoura, cuidando dos animais ou guiando seu pequeno trator pelas estradas de terra da região, visitando conhecidos e buscando produtos para a propriedade rural.

Continua depois da publicidade

Segundo um dos quatro filhos dele, Hilário Schmücker, Oscar estava morando sozinho havia alguns anos, vivia bem no meio rural e dali não queria sair. Há algumas semanas, uma das filhas foi morar numa casa próxima para cuidar melhor do pai. Na tarde de terça-feira, ele saiu para dar de comer aos animais e foi rendido por bandidos. Ninguém sabe quantas pessoas eram. O corpo dele foi encontrado com as mãos e os pés presos com cintas plásticas, como se fossem algemas. A cabeça foi coberta com uma camiseta e a boca do agricultor foi obstruída com gazes. O sangue estava espalhado por todos os lados.

– Até o policial que nos levou para ver ficou muito chocado com o que viu – disse a neta de Oscar, Iára Cristina Schmücker. Ela e o pai, Hilário, também ficaram muito chocados com a cena do crime.

– A gente não entende. Se fosse uma morte por doença ou até por acidente. Mas por que tanta maldade? – dizia Hilário na manhã desta terça-feira.

Continua depois da publicidade

Reunião para mapear o problema

O assassinato de Oscar Schmücker deixou em alerta o Conselho de Segurança (Conseg) do bairro. Para Antônio Batista, presidente do Conseg do Vila Nova, o problema da violência não existia no interior de Joinville, mas há alguns anos tem preocupado a todos.

– Parece um surto, com residências sendo invadidas e os ladrões levando roçadeiras, motosserras e equipamentos agrícolas. Isso tem ocorrido porque as propriedades estão em áreas mais desprotegidas. A gente também considera que o avanço das drogas, inclusive no meio rural, está ajudando a aumentar esses registros – diz Batista.

Segundo ele, não há números precisos sobre a violência no interior, até porque muitas famílias nem chegam a registrar os furtos na Polícia Civil. A reunião da próxima segunda-feira, na sede de uma recreativa ao lado do Cemitério Cristo Rei, servirá para mapear os problemas e criar uma estratégia para prevenir novos crimes.

Continua depois da publicidade

Uma das ideias que já estão saindo do papel é a contratação de uma empresa para instalar câmeras de vigilância nos principais entroncamentos da zona rural. A iniciativa é inspirada na ação de um grupo de comerciantes do Rio Bonito, distrito de Pirabeiraba, zona Norte de Joinville, que usa o aplicativo de celular WhatsApp para se comunicar e ajudar na segurança.

Agricultor de 73 anos é sepultado nesta quarta-feira em Joinville

Mesmo sem efetivo suficiente, a Polícia Militar tem intensificado as rondas, inclusive usando os cinco cães da base instalada no bairro. Durante alguns dias da semana, os cães ajudam na ronda dos policiais pelas ruas dos bairros. O Conseg também está pedindo para que a Guarda Municipal organize um cronograma de passagens pelas escolas e prédios públicos municipais da região.

– Não é função da Guarda Municipal coibir os assaltos às residências, mas a presença dos agentes, com certeza, ajuda muito na prevenção. Temos pelo menos que espantar os bandidos para outros lugares – diz Batista.

Continua depois da publicidade

O caso está sendo tratado pela Polícia Civil como um latrocínio, já que os criminosos levaram a carteira do agricultor e uma motosserra que, segundo os familiares, nem funcionava mais. Uma equipe da Delegacia de Homicídios chegou a ir até o local, mas o caso já foi repassado para a Divisão de Investigação Criminal (DIC).

Por enquanto, os depoimentos com familiares e vizinhos ainda não começou. O delegado responsável pela DIC, João Adolpho Fleury Castilho, está em férias e ainda não foi designado outro delegado para acompanhar o caso.