A edição de outubro do especial Ruy de Todas as Copas do Ruy Carlos Ostermann trata sobre a arbitragem nos mundiais. Abaixo, o Professor relaciona alguns equívocos graves dos árbitros em jogos de Copa do Mundo.

Continua depois da publicidade

Leia o texto que abre a edição deste mês do Ruy de Todas as Copas

França x Argentina

Continua depois da publicidade

1930

A pixotada ficou a cargo do árbitro brasileiro Almeida Rego. França e Argentina disputaram uma partida épica, com chances de lado a lado. Aos 80 minutos de jogo, o argentino Monti cobrou falta e converteu. Os franceses, mesmo com 10, foram para cima. Para espanto geral, Almeida Rego encerrou o prélio seis minutos antes do regulamentar. Resultado do erro de cálculo: torcedores invadem o campo, cavalarianos tentam por ordem, um bandeirinha alerta o juiz de que ainda restam seis minutos de jogo. A partida foi reiniciada, mas alguns jogadores já estavam até no banho. Final: Argentina 1×0.

Brasil x Espanha

1962

O escrete canarinho havia perdido Pelé no segundo jogo da Copa, e ainda na primeira fase teve de contar com a ajuda do juiz chileno Sérgio Bustamante. A jogada começou quando o lateral Nilton Santos, apelidado de A Enciclopédia do Futebol, cometeu pênalti. Provando que malandragem é um dos verbetes, Nilton deu um passinho discreto para fora da área, e o pênalti foi rebaixado a falta comum. Na cobrança, o craque húngaro Puskas, que havia se naturalizado espanhol, acerta uma bicicleta, mas seu gol é anulado. A culpa é de outro verbete, o famigerado “perigo de gol”.

Inglaterra x Argentina

1966

Uma das mais violentas partidas já disputadas em Copas do Mundo, Inglaterra 1 x 0 Argentina rendeu tanta confusão que deu origem à invenção dos cartões amarelo e vermelho. O lance mais polêmico foi quando o capitão argentino Rattin gesticulou acintosamente para o juiz alemão Rudolf Kreitlein, que, não entendendo espanhol, expulsou o jogador. Os cartões estrearam no primeiro minuto da partida inaugural da Copa de 70, quando o árbitro advertiu um jogador mexicano e dois russos por discussão. O primeiro vermelho só foi levantado na Copa de 1974, com a expulsão do chileno Carlos Caszely.

Inglaterra x Alemanha Ocidental

1966

A final da Copa de 1966 é uma das mais contestadas da história do futebol. Jogando contra os donos da casa, os alemães ocidentais saíram na frente mas deixaram a Inglaterra virar o jogo. No último minuto do tempo normal, quando 95 mil ingleses já festejavam no estádio de Wembley, a Alemanha empatou. Prorrogação. Aos 11 minutos, o inglês Hurst chuta no travessão, a bola quica em cima da linha e sai, mas o árbitro suíço Gottfried Dienst entende que foi gol. No final da prorrogação, mais um erro: apesar de haver torcedores em campo, o juiz valida mais um gol de Hurst. Uma Copa que ficou mais conhecida pelo gol polêmico do que pelo futebol.

Continua depois da publicidade

Alemanha Ocidental x França

1982

Esta semifinal da Copa da Espanha ficou marcada pela emoção: no tempo normal, empate em um gol. Na prorrogação, a França abre dois gols de vantagem, mas a Alemanha busca o empate e vence nos pênaltis, consagrando o goleiro Schumacher como herói. Mas Schumacher também foi vilão: ainda no tempo regulamentar, acertou uma voadora no francês Batiston, quebrou dois dentes do atacante e sequer levou uma advertência do árbitro holandês Charles Corver. A imagem perfeita para definir o que significa “uso excessivo de força” no futebol. Passada a Copa, Batiston perdoou Schumacher e inclusive o convidou para seu casamento.

Inglaterra x Argentina

1986

A Guerra das Malvinas ainda estava na lembrança quando a Inglaterra enfrentou a Argentina nas quartas de final da Copa de 1986, no México. O English Team enfrentava o talento de Diego Maradona com competência, mas não contava com a intervenção divina. Ao disputar uma bola pelo alto com o goleiro Peter Shilton, El Pibe cerrou o punho e acertou uma cortada que parou no fundo da rede inglesa. O árbitro tunisiano Ali bin Nasser validou o gol. Maradona explicou que marcara o tento “um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus”. Quando o Papa Francisco assumiu, Maradona voltou a teorizar, dizendo que a “Mão de Deus trouxe um papa argentino”.

Brasil x Turquia

2002

O primeiro jogo do Brasil na Copa de 2002 foi contra seu principal rival na chave. A Turquia marcou primeiro, o empate veio com Ronaldo Nazário, mas o drama prosseguiu até 40 minutos do segundo tempo, quando Luisão sofreu falta fora da área e mergulhou de peixinho, enganando o árbitro sul-coreano Kim Young Joo, que assinalou penalidade máxima e expulsou o turco Alpay. Outra cena do teatro verde-amarelo foi estrelada por Rivaldo: o atacante brasileiro simulou ter levado uma bolada no rosto e cavou a expulsão do turco Unsal. Depois desse começo atribulado, a seleção de Felipão embalou e usou apenas o futebol para se sagrar pentacampeã.

Croácia x Austrália

2006

O juiz inglês Graham Poll fez história: foi o único a aplicar três cartões amarelos ao mesmo jogador, na mesma partida. No segundo tempo de Croácia e Austrália, o zagueiro croata Simunic foi amarelado duas vezes – ainda no primeiro tempo, já havia cometido pênalti não assinalado. Não satisfeito, Simunic ainda afrontou o árbitro já nos acréscimos, quando recebeu o terceiro cartão amarelo e, finalmente, foi expulso, talvez pela insistência… Felizmente, o empate de 2 a 2 acabou favorecendo a Austrália, que passou para a etapa seguinte. Croácia e o juiz Poll ficaram pelo caminho.

Continua depois da publicidade

Alemanha x Inglaterra

2010

Eliminada pela Alemanha nas oitavas de final da Copa da África do Sul, a Inglaterra de novo foi protagonista de um lance polêmico em Mundiais. Quando a partida, que terminou em uma goleada de 4 a 1 para os alemães, estava 2 a 1, o meia Lampard chutou de fora da área, a bola quicou 33 centímetros além da linha fatal e saiu, mas o árbitro da partida, o uruguaio Jorge Larrionda, não deu o gol. O juiz admitiu o erro e fez uma revelação curiosa. Segundo ele, o inglês David Beckham avisou-lhe do equívoco ainda no estádio.