Seu João Rogério Ribeiro Pinto, 64, trabalha há quase cinco anos em frente ao prédio da Policlínica e Pronto Atendimento (PA) 24 horas do bairro Forquilhinhas, em São José. Durante todos estes anos ele viu de pertinho a obra ser feita, a passos lentos. Nesta sexta-feira, finalmente, ela será inaugurada. Os atendimentos à população começam na segunda-feira, 11, a partir das 7h.

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— Vai favorecer e ajudar muito a comunidade. Quando você precisa de um exame ou uma consulta tem que aguardar muito ou ir ao hospital que tá sempre cheio. Eu acompanhei desde o começo, entendo que não foi fácil, mas o mais importante é que tá saindo e vai ser muito bom pra comunidade — diz João.

Para Daiane Lisboa dos Santos, 18 anos, moradora do Morro do Avaí, comunidade do bairro São Luiz, a policlínica é muito esperada, principalmente porque ela tem um filho de dois anos e o postinho de saúde está sem pediatra.

— Criança sempre fica doente e, como o posto não tem pediatra, eu tava levando ele direto no hospital. Agora vou poder trazer ele na policlínica, vai ser uma boa. Sem falar nos exames que demoram muito. Um exame de sangue que eu pedi no posto em janeiro de 2016 só foi sair agora — conta.

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A policlínica é uma das obras mais esperadas pela comunidade. E pudera. O prédio começou a ser construído em 2011 e deveria ser entregue em 2012, porém, as obras foram paralisadas por uma série de problemas no projeto. As adaptações e falta de dinheiro fizeram com que a policlínica ficasse pronta seis anos depois. Orçada inicialmente em R$ 5,8 milhões, ela foi construída com custo total de R$ 11 milhões, sendo R$ 9 milhões do município e R$ 2 milhões do Governo do Estado.

— Quando assumi, em 2013, nós tínhamos um banhado com uma placa escrita pesque-pague e não tinha projeto de engenharia. A prefeitura contratou e aprovou o projeto. Hoje estamos dentro das normas e com todos os alvarás sanitário, dos bombeiros e o Habite-se. A maior demora foi por causa do projeto e da falta de recursos. Se tivéssemos mais dinheiro teríamos apressado mais — diz a prefeita Adeliana Dal Pont (PSD).

A Policlínica e o PA 24 horas terão um custo mensal de R$ 2 milhões. O dinheiro sairá dos cofres do município. Segundo Adeliana, após a abertura, ela vai pedir ajuda ao Governo do Estado. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, já teria prometido R$ 500 mil por mês para ajudar no custeio da unidade após três meses de funcionamento.

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Hospital Regional desafogado

A expectativa é que o Pronto Atendimento 24 horas atenda de 450 a 500 pessoas por dia ou 150 mil por mês, segundo a diretora de Atenção Especializada da Secretaria de Saúde de São José, Geovana Stedile.

Atualmente, os atendimentos de urgência e emergência são feitos no Hospital Regional de São José, que sofre com a superlotação na emergência. As unidade de saúde dos bairros Bela Vista e Forquilhinhas também são procuradas para casos menos graves, pois eles atendem até às 22h.

— O Pronto Atendimento vai ajudar a desafogar a emergência do hospital e diminuir a procura pelas unidades de saúde. Vai melhorar bastante o atendimento — diz Geovana.

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Em outubro, em audiência com o vereador Antônio Lemos, Guilherme Genovez, diretor do Regional, informou que 80% dos atendimentos realizados na Emergência poderiam ter seus casos resolvidos nos postos de saúde ou unidades de Pronto Atendimento. Deste total, 70% são pacientes vindos de São José.

PA será administrado por OS

O Pronto Atendimento 24 horas vai funcionar no piso térreo do prédio. No local, há sala de classificação de risco (antiga triagem), quatro consultórios, sendo três de clínico-geral e um de pediatria, dois leitos de estabilização para pacientes em emergência levados por ambulâncias, e seis leitos de observação, sendo um pediátrico.

Ainda possui sala de medicação, de suturas e curativos, sala de gesso e de sala de assistência social. No PA também serão feitos exames de laboratório de emergência, raio X e eletrocardiograma. A unidade vai ter três médicos clínico-geral e um pediatra 24 horas por dia.

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O médico e diretor técnico da Secretaria de Saúde, Juliano Manoel Coelho, explica que o PA vai atender casos de urgência de média complexidade.

— Casos de alta complexidade, como fratura exposta, cirurgias ou quando alguém sofre um infarto, serão encaminhados ao Hospital Regional — informa.

O PA será administrado por uma Organização Social (OS). Segundo a prefeita Adeliana, das cinco instituições que se apresentaram na chamada pública, a vencedora foi o Instituto Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), de Florianópolis. A entidade receberá R$ 1,2 milhão por mês para tocar a unidade 24 horas, contratar médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe administrativa do PA.

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— Ficamos preocupados em abrir e não poder contar com os médicos para atender, porque eles têm uma grande rotatividade. O médico concursado tem até 60 dias para assumir e o PA não pode esperar tanto tempo — diz Adeliana.

Policlínica com atendimento especializado

Nos três andares acima do PA 24 horas vai funcionar a Policlínica de Forquilhinha. O atendimento será de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Diferente do PA, na Policlínica serão atendidos os pacientes que forem encaminhados pelas unidades básicas de saúde de cada bairro.

No primeiro piso serão feitos exames como raio X e ultrassonografia, além de exames laboratoriais. O segundo é reservado ao Centro de Referência de Saúde da Mulher e Criança. No local, serão oferecidas consultas ambulatoriais em mastologia e pré-natal de alto risco, além de exames de preventivo, colposcopia e Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno.

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Para as crianças e adolescentes terão cinco pediatras especialistas nas áreas de cardiologia, ortopedia, endocrinologia, neonatologia, nutrologia e gastrointestinal. Ainda terá atendimento para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. A intenção da prefeitura é ampliar este atendimento para as mulheres.

No terceiro piso ficará a parte de odontologia, com atendimento especializado em endodontia (tratamento de canal), periodontia (gengiva), bucomaxilo e raio X odontológico. Também terá atendimento de fisioterapia, fonoaudiologia e a administração.

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