Cada pessoa que resolve voltar do trabalho para casa de bicicleta representa um carro a menos no caos do trânsito que se tornou a mobilidade urbana em Florianópolis. Só que, ao invés da lentidão, os ciclistas enfrentam sérios problemas de segurança: vias esburacadas, calçadas em mau estado e a convivência com um espaço já entupido por carros; e pensado apenas para esse veículo. Foi essa situação que o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior, sentiu na pele.

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Pela primeira vez, na última sexta-feira, foi de bicicleta da prefeitura até sua casa no Bairro João Paulo. E viveu o frio na barriga de sentir um ônibus passar rente ao seu corpo, bem em um trecho da Beira-Mar Norte em que uma obra descuidada deixou “praticamente um buraco” no que deveria ser um bueiro.

Durante todo o trajeto foi acompanhado por bike anjos, voluntários de uma ONG que ensinam os melhores trajetos e truques para um deslocamento mais seguro a qualquer interessado em trocar o carro pela bicicleta. Mas que colocaram o prefeito para percorrer a principal avenida da cidade pelo lado em que não há ciclovia. A iniciativa ajudou Cesar a fixar bem os riscos de segurança que Florianópolis apresenta ao meio de transporte.

Soluções para trecho entre UFSC e Udesc

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Cesar Souza Junior afirma que há dois pontos em que a prefeitura irá focar: grandes e pequenas obras de mobilidade para as bicicletas. Nas pequenas obras, diz que vai se reunir agora com associações de ciclistas na quinta ou sexta-feira para definir os dois roteiros mais utilizados pelos ciclistas. Os trechos então passarão por reparos como rebaixamento de calçadas, levantar bueiros e também aumentar a sinalização.

Na outra ponta, promete a conclusão de obras maiores. A finalização da ciclovia da Osni Ortiga, na Lagoa e também a construção de um sistema cicloviário da Universidade Federal de Santa Catarina, criando uma rota entra a Udesc e a federal. A obra integrará a duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira, que Cesar diz ter expectativa de iniciar a licitação neste segundo semestre de 2013.

– Nos comprometemos em executar a ciclovia dentro da universidade e, em paralelo, pleiteamos a seção da área para a duplicação da deputado Antônio Edu Vieira. O Conselho Universitário ainda não emitiu um parecer definitivo. Isso deve acontecer nos próximos dias. Mas a informação que eu tenho é muito positiva. Vão ser dois quilômetros de obra para automóvel e dez quilômetros de para bicicletas – disse o prefeito.

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“Florianópolis foi toda pensada em função dos automóveis” diz prefeito

Ainda no assunto bicicleta e também para este segundo semestre, Cesar diz que irá relançar o processo licitatório para a locação de bicicletas. Disse que irá readequar a licitação para buscar empresas interessadas. O edital anterior não tinha recebido nenhuma proposta por exigir investimentos excessivos no curto prazo, de acordo com o prefeito.

Protesto fantasma

A Capital teve, mês passado, instalada a sua oitava bicicleta fantasma: forma de protesto que marca o local em que ciclistas morreram atropelados. Fixada em um poste bem no meio da UFSC, lembra a morte da estudante Lylyan Karlinski Gomes, de apenas 20 anos.

– A gente encarou com profundo pesar e nos mostrou que ainda temos um longo caminho a percorrer para dar mais segurança aos ciclistas – disse o prefeito sobre a morte da estudante.

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Os trabalhos da ONG Bike Anjo Floripa não se encerraram ao levar o prefeito para casa. Além de ajudar interessados em usar a bike e acompanhá-los nos primeiros trajetos, a entidade começou a fazer palestras educativas nas empresas de ônibus como uma forma de conscientizar os motoristas dos veículos e relação aos ciclistas.

– Essa semana a gente esteve lá na Estrela/Insular. Uma porta aberta, infelizmente, por causa daquele acidente na UFSC. Estamos tentando reverter a situação, que eles entendam como a gente age no trânsito e como sinaliza que vai virar, por exemplo. Até para nos aproximarmos e acabar qualquer eventual rixa que algum motorista tenha com ciclistas – disse o fotógrafo e voluntário na Bike Anjo, Fabrício Sousa.