O que pode valer mais do que uma medalha nos Jogos Pan-Americanos? A conquista de uma vaga inédita para as Olimpíadas. Este era o principal objetivo da seleção brasileira masculina de hóquei sobre grama ao viajar até Toronto, última chance de classificação para a Rio-2016. Para tanto, era necessário ficar até a sexta colocação, algo nunca atingido pelo país. E os garotos do hóquei, três deles catarinenses, foram além. Chegaram até a semifinal e colocaram o esporte em evidência.
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– A melhor parte disso tudo é que pouquíssimas pessoas acreditavam na gente, e a divulgação que a gente conseguiu para o esporte, por ter conquistado a vaga olímpica, a ascensão que o esporte teve no país – comemora Marcos Rodrigo Pasin, de 22 anos, natural de São Miguel d’Oeste. Ele pratica hóquei há oito anos, desde que o Florianópolis Hóquei Clube foi a sua escola divulgar a modalidade.
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Um dos que lhe apresentou ao esporte foi o goleiro Rodrigo Faustino, 28 anos, natural de Lages, responsável por defender os pênaltis que garantiram a vitória brasileira sobre os Estados Unidos nas quartas de final do Pan, já que o jogo terminou empatado em 1 a 1 no tempo regular.
– A gente estava confiante porque o Faustino é muito bom nesse fundamento. Mas conseguir a vaga do jeito que foi, não tenho nem palavras para descrever. Quando estamos abraçados lá, cantando o hino nacional, é uma coisa que arrepia mesmo, fora do normal. Não passou na cabeça de ninguém do time que a gente não iria conseguir – assegura Paulo Roberto Batista, 22 anos, de São José, que joga no rival Hóquei Clube Desterro.

Caminhada de muitos sacrifícios
Além do ineditismo, a participação olímpica é ainda mais festejada pelos jogadores pelas condições do esporte no país. O hóquei masculino, que vem recebendo mais recursos da Confederação Brasileira de Hóquei Sobre grama, tem apenas seis clubes na primeira divisão do campeonato brasileiro, nenhum campo oficial no momento (o único que existia, no Rio de janeiro, está sendo reformado para a Rio-2016), e os atletas precisam pagar mensalidade para sustentar as equipes. Os jogadores dos times de Florianópolis, por sempre ficarem entre os três primeiros na competição nacional, ainda têm o alento da bolsa-atleta, mas todos trabalham para complementar a renda.
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Nada que diminua a vontade de perseguir sonhos maiores no esporte. Neste ano, a seleção masculina fez um treinamento integral de quatro meses por campos da Europa, e, depois de uma maratona de 37 jogos, conseguiu a evolução que precisava.
– Provamos que com um pouco de investimento conseguimos resultado, que temos capacidade. Foi a primeira vez que teve um grande investimento na gente e provamos que vale a pena investir – afirma Paulo, que trabalha com contabilidade, mas está pronto para qualquer sacrifício pela Rio-2016:
– Se a gente já abria mão de muita coisa para jogar pela seleção, para a Olimpíada a gente faz mais sacrifício ainda. Agora é treinar, treinar, treinar, e fazer de tudo para estar entre os 16 convocados no ano que vem – conclui.
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Hóquei sobre grama
Em uma lógica muito parecida com o futebol, o hóquei tem 11 jogadores para cada lado, mas em vez de usarem os pés, usam um taco para conduzir a bola (de 2,3 cm de diâmetro), passar e finalizar em direção ao gol. Vence quem marcar mais vezes em 60 minutos – divididos em quatro tempos de 15 minutos.