Se a proibição de empresas fazerem doações a campanhas políticas estivesse em vigor nas eleições de 2014, os candidatos que acabaram eleitos não poderiam ter utilizado 79% de todo o dinheiro que arrecadaram. É esse é o percentual doado por empresas no ano passado que acabaram ajudando a eleger políticos para o governo do Estado, Assembleia Legislativa e Câmara federal. Também é esse tipo de prática que foi proibida por decisão do Supremo Tribunal Federal nessa semana.

Continua depois da publicidade

Brasil pode ter leis contraditórias sobre doação de empresas

As doações de 326 empresas alcançaram R$ 44,7 milhões às campanhas de governador, senador, deputados federais e estaduais eleitos, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Um total de 2.486 pessoas deram dinheiro para os candidatos favoritos, mas o valor doado, R$ 6,6 milhões, representa 11,6% do valor total.

Completa o percentual os valores doados pelos próprios candidatos – um governador, um senador, 16 deputados federais e 40 deputados estaduais. Foram R$ 5,2 milhões para as próprias campanhas pelos 58 políticos.

Continua depois da publicidade

Crise em Brasília: Dilma Rousseff busca equilíbrio em meio a pressões

TRÊS CAMINHOS LEGALIZADOS

Com a proibição, três caminhos legais ficam desenhados para quem for concorrer em 2016, quando a mudança já estará valendo. Terão que gastar mais do próprio bolso, fomentar a participação da sociedade nas doações – aumentando o número de pessoas físicas que auxiliam – ou baratear drasticamente o custo das campanhas para se adequar à nova realidade. Em 2014, em contrapartida, ocorreu a eleição mais cara da história do país, alcançando R$ 5,1 bilhões na soma das disputas presidencial e as dos Estados.

– Se o objetivo for reduzir poder econômico, só aconteceria se não houvesse mais ilegalidade. Mas ela deve continuar existindo. Eu não acho que os TREs e o Tribunal Superior Eleitoral tenham estrutura suficiente para fiscalizar isso. Deve aumentar a prática de caixa dois na campanha – avalia o cientista político, Yan Carreirão.

Nos números das eleições de SC em 2012, o percentual praticamente se repete. Ao se somar as doações para todas as disputas às 295 prefeituras e Câmaras Municipais, o total alcança R$ 220,3 milhões gastos nas campanhas. O dinheiro dado por empresas responde por 77% do valor.

Continua depois da publicidade

Ministro do STF Gilmar Mendes acusa PT de cleptocracia