Na semana em que eclode mais uma crise no Hospital Infantil Joana de Gusmão, o governo anuncia uma devassa nos gastos com saúde pública. Uma empresa da Alemanha, especializada em consultoria estratégica, foi contratada para mapear onde está sendo aplicado o dinheiro repassado aos 14 hospitais administrados pelo Estado. Com a entrega do resultado, que tem previsão para daqui 90 dias, a promessa é de que haja uma reestruturação do setor.

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Nos bastidores, a informação é de que o governo quer mostrar que os problemas na saúde pública ocorrem por ineficiência de gestão e não por falta de verba. Não se sabe se por coincidência, mas o falatório surgiu pouco antes de o diretor do Joana de Gusmão, o pediatra Roberto Morais, ser exonerado do cargo.

Ele colocou a vaga à disposição na tarde de quinta-feira, depois de passar o dia se explicando sobre os quatro casos de contaminação por uma bactéria resistente, com uma morte já registrada.

A mesma instituição é também alvo de problemas administrativos. A crise se arrasta desde o início das obras no centro cirúrgico e na Unidade de Terapia Intensiva, em 2010. A nova UTI do hospital, com oito leitos, foi inaugurada recém no dia 1o de abril e o centro de cirurgias ainda permanece em obras.

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Em seu último pronunciamento como diretor do hospital, Morais atribuiu os problemas ao entrave burocrático do modelo atual de administração, que considerou como ruim e demorado – principalmente para a execução de reformas, compras de equipamentos e na realização de concursos para a contratação de novos profissionais.

:: Diretor do Hospital Infantil deve entrar com pedido de exoneração do cargo

Exoneração de diretor não teria relação com auditoria

Dalmo de Oliveira, secretário de Saúde, se esquiva dos porquês da exoneração. Segundo ele, trata-se de uma decisão pessoal, que foi motivada pelo desgaste no cargo e nega relação com a auditoria externa que está sendo realizada pela empresa de consultoria contratada pelo governo.

– O diferencial dessa consultoria é que além de apontar as falhas vai nos mostrar a solução dos problemas. É um processo de reestruturação que visa somente melhorias para a saúde pública – assegura Oliveira.

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À frente do contrato, o secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni garante que o objetivo do trabalho não é perseguir redução de custos, até porque constitucionalmente o governo é obrigado a repassar 12% da arrecadação à saúde pública. Ele diz que o que se pretende é uma melhoria na eficiência de direcionamento dos recursos.