A realidade de cortes nos repasses estaduais também vem afetando as Apaes do interior do Estado. Em Itajaí, significou quase R$ 20 mil a menos todos os meses no caixa da instituição, que atende 422 pessoas e tem 35 em avaliação. A queda teve impacto direto na manutenção de programas. O principal afetado foi o Pami (Programa de Atendimento Materno-Infantil), ônibus adaptado que percorria a cidade atendendo gestantes e crianças com até quatro anos de idade. Sem recursos, o projeto foi suspenso já no início do ano.
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— Prevíamos que essa dificuldade com os recursos iria ocorrer, e resolvemos que seria melhor prevenir. Assim, não prejudicamos os atendimentos — diz Antônio Eduardo Soto Sotopietro, diretor financeiro da Apae Itajaí.
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A entidade tem se valido de recursos do SUS, da prefeitura e de doações. Ainda assim, foi preciso adaptar. A turma que era atendida no sítio da Apae foi trazida para o Centro e as atividades no interior, suspensas. Os atendimentos dos alunos, que eram feitos em período integral, também passaram a ocorrer em apenas um turno — manhã ou tarde —, algo que deveria ser implantado apenas no ano que vem, mas foi adiantado por economia. Além disso, a instituição recuou da ideia de dobrar os atendimentos na clínica de órteses porque não há recursos para contratar novos profissionais.
Em Chapecó a redução da verba repassada pelo governo chegou a quase 30% nos últimos meses, segundo o presidente da associação na cidade, Edgeu Rotava.
— Antes vinham R$ 35 mil a R$ 38 mil por mês e agora está em R$ 20 mil e poucos – calculou.
No entanto ele conta que não houve cortes na prestação de atendimento dos 270 alunos. Um pouco em virtude de um pedágio realizado no mês passado, que teve R$ 48 mil de arrecadação.
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No Sul do Estado, as quase 40 associações tiveram queda de até 40% na arrecadação, e por isso têm usado a criatividade para dar a volta nas contas. A ampliação do calendário de eventos, a economia com água, luz e combustível, além da busca por parceria com empresas, são iniciativas que agora fazem parte do cotidiano das entidades.
Em Araranguá, 175 alunos são atendidos pela Apae, e, mesmo com a queda nos repasses, os serviços continuam. Os valores do Fundosocial eram suficientes para cobrir a folha de pagamento, o que não é mais possível.
— Estou há três anos na presidência, e esse ano estamos recebendo o mesmo de que há quatro anos. A gente está fazendo outras ações, gastando uma reserva que a gente tinha para manter os atendimentos — explica o presidente Sadi Possamai Soprana.
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APAEs sofrem com a falta de repasses do Governo do Estado
Em Joinville, o déficit mensal tem girado em torno de R$ 20 mil mensais, muito por conta da redução dos repasses estaduais. O custo mensal da Apae da cidade é R$ 190 mil, mas receitas têm alcançado apenas R$ 170 mil. Só em folha de pagamento, para os 73 funcionários da associação, são gastos R$ 130 mil.
— Estamos buscando maneiras para não impactar. Fizemos eventos, feijoadas, pedágios — diz o presidente Jailson de Souza, acrescentando que as doações solicitadas pelo telemarketing da entidade caíram em 20% desde dezembro de 2015.
Com 320 alunos, a unidade de Jaraguá do Sul também sofre e corre o risco de ficar no negativo. Há uma campanha interna visando a redução de custos. Além disso, a entidade busca apoiadores particulares.
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— Vamos ter que buscar com empresários, fazer campanha. Se não buscar, fatalmente vamos ser impactados — diz o presidente João Julio Depiné.
*colaboraram Dagmara Spautz, Lariane Cagnini, Darci Debona e Alex Cardoso