É grande o risco de um Produto Interno Bruto (PIB) negativo no terceiro trimestre. Segundo analistas, uma possível contração da economia entre julho e setembro será reflexo da queda nos índices de confiança de consumidores e empresários, desempenho pior da indústria em razão de níveis mais elevados dos estoques e do impacto da recente alta na taxa de juros.
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O cenário negativo, segundo analistas, tende a ocorrer apesar do crescimento registrado no segundo trimestre deste ano, como mostra o IBC-Br de junho, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, e que é considerado uma prévia do PIB. Os dados oficiais do crescimento da economia serão anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no próximo dia 30.
Nos cálculos de Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, o PIB do segundo trimestre deve ter uma expansão de 1,1% sobre o trimestre anterior, mas no terceiro trimestre deverá recuar 0,2%.
– A probabilidade (de PIB negativo no terceiro trimestre) antes de junho, com dólar e manifestações, era de 10%. Saltou agora para 80%. O maior impacto negativo é nas expectativas, especialmente para consumo das famílias e investimento – afirma.
Indagado sobre quais os fatores que podem pressionar o PIB para baixo, Vale disse que “especialmente o consumo e o investimento”, do lado da demanda. Já do lado da oferta, a indústria deve reverter os bons ganhos no segundo trimestre:
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– O (setor) de serviços deve continuar a tendência de crescimento muito lento. Assim, diria que, novamente, quem vai travar no terceiro trimestre será a indústria, especialmente porque tivemos um segundo trimestre bastante forte na produção industrial.
Já o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, acredita que a probabilidade de um PIB negativo no terceiro trimestre é “razoável”, por volta de 40%.
– Dentre os fatores, podemos mencionar o início ruim da indústria, o tombo de todos os indicadores de confiança e os impactos iniciais do aperto da política monetária.
Ele estima que a economia brasileira vai crescer 1% no segundo trimestre ante o período anterior, mas para o terceiro trimestre sua estimativa é de crescimento zero.
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Em relatório enviado a clientes na última sexta-feira, os economistas do Itaú Unibanco revisaram para baixo as estimativas de crescimento em 2013 e 2014 para, respectivamente, 2,1% e 1,7%. Um das razões é o desempenho esperado para o crescimento de julho a setembro deste ano.
“A expectativa de um crescimento mais baixo no terceiro trimestre deste ano (de 0,5% para zero) reduziu em 0,3 ponto porcentual o efeito estatístico que estimamos que o PIB deste ano deixará para o PIB de 2014. Além disso, estimamos que o crescimento mais baixo no segundo semestre elevará a taxa de desemprego, desacelerando o ritmo de aumento da massa salarial real e do consumo”, informa o relatório do Itaú Unibanco. Para o segundo trimestre, o banco estima expansão de 1%.
E qual o impacto de um PIB negativo no 3.º trimestre? Para Genta, poderia agravar a confiança dos investidores, em especial os investidores internacionais.
– Isso consolidaria a percepção cada vez maior de baixo PIB potencial ao redor de 2%, podendo prejudicar inclusive o programa de concessões do governo federal – avalia o economista-chefe da MCM Consultores.
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