Aluno surdo de Florianópolis é premiado na Olimpíada de Matemática

Para muitos a matemática é sinônimo de dificuldade. Para outros os números vão além de cálculos e fórmulas, ela se transforma em uma nova língua. É dessa forma que o estudante Cleiton Cesar Ribeiro Antunes encara a disciplina que arrepia tantos estudantes. Cleiton nasceu surdo, mas supera barreiras diariamente em busca de aprendizado.

O adolescente de 14 anos e que está no 7º ano representou a Escola Básica Municipal João Gonçalves Pinheiro, Rio Tavares, na Olímpiada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Na prova, Cleiton conquistou a medalha de bronze.

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Com ele, ganharam medalha de ouro Marcelo Augusto Vieira Lopes, da Escola Batista Pereira (Alto Ribeirão), Ana Clara Bitencourt, da Escola Virgílio dos Reis Várzea (Canasvieiras), Angella Dal Col de Almeida, da Escola Osmar Cunha (Canasvieiras), Luiza Godinho Vieira, da Escola Beatriz de Souza Brito (Pantanal) e Maicon PaviVieira, da Escola Herondina Medeiros Zeferino (Ingleses).

Na rede municipal de ensino oito alunos obtiveram medalhas de prata, 12 de bronze e 78 receberam menção honrosa. Com a presença do secretário de Educação, a solenidade de entrega de certificação geral ocorreu na quarta-feira, dia 2. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz assinalou que o momento é marcante.

– Estamos no caminho certo com um ensino de qualidade e inclusivo. O Cleiton e todos os medalhistas merecem nossa reverência – disse.

A persistência de Cleiton

O interesse de Cleiton pela OBMEP surgiu no ano passado, quando a professora Emiliana Aparecida Corrêa mostrou para a turma um vídeo a respeito da prova. Na época, o estudante estava no 6º ano e demonstrou grande interesse em participar. No entanto, foi premiado apenas com a menção honrosa.

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– Ano passado ele se dedicou bastante, mas não atingiu o principal objetivo, que para ele, era uma medalha. Nessa olímpiada eu acreditei muito na vitória dele por ver a dedicação e o esforço que demonstrou nas aulas – comenta Emiliana que é membro do curso preparatório para a OBMEP.

O estudante compareceu a todas as aulas de reforço para a prova. Mas também brinca com jogos de lógica, o que o ajuda a fortalecer o desenvolvimento rápido em situações problema. Após receber a notícia da vitória a única coisa que Cleiton pôde fazer foi sair correndo pelos cantos da escola. A alegria e emoção foram tantas que não couberam apenas em poucos gestos.

Incentivo

Mike Diano é intérprete de Cleiton há 4 anos na Escola João Gonçalves Pinheiro. Na unidade, auxilia nas aulas e na comunicação entre o estudante, professores e colegas.

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– O Cleiton possui um raciocínio lógico e rápido. Na matemática, a dificuldade é mínima. Durante as aulas, ele é muito participativo e comunicativo. Quando a pessoa que ele deseja falar não sabe Libras, ele tenta se expressar através de mímicas e expressões – diz Mike.

Creniuma Ribeiro busca estimular e incentivar o aprendizado do filho Cleiton. A partir dos 2 anos, o garoto passou a aprender a Libras, a mãe, participativa e dedicada, também iniciou as aulas com o filho na época. O objetivo foi aprender a mesma linguagem de Cleiton para que os dois pudessem se comunicar melhor.

O outro filho, Thiago Ribeiro, de apenas 11 anos, aprendeu a língua de sinais desde quando começou a falar e o companheiro de Creniuma, Moacir, aprendeu alguns gestos observando a comunicação entre a mãe e o adolescente. É assim, com a família toda se comunicando da mesma forma, que Cleiton é incluído em todas as atividades da casa.

– Eu e ele não temos dificuldades para conversar. Seja algum problema ou alguma notícia boa, nós sempre discutimos a respeito – comenta a mãe que é professora de educação infantil.