João Gabriel Soares, 16 anos, é estudante do 2º ano do Ensino Médio Integral da Escola Estadual Bela Vista, em São José. Desde o incêndio atingiu seis salas de aula, uma biblioteca, um centro de convivência e um laboratório de química e biologia em janeiro deste ano, ele e outros 220 alunos temem o futuro da unidade escolar – que não foi reformada desde então. Na contramão do investimento em Educação, a gerência da Grande Florianópolis deu início ao processo para fechar o colégio, que dará lugar à Universidade de São José (USJ).

Continua depois da publicidade

Escola Estadual que pegou fogo em São José não será reformada

Incêndio atinge escola em São José, na Grande Florianópolis

– Existem até avós e pais que se formaram aqui e querem que os filhos continuem estudando no mesmo lugar. Se a escola for realmente fechada, serão 27 anos de história jogados no lixo – defende João, que junto dos colegas de classe vem buscando meios para evitar o fechamento da Escola Bela Vista.

Continua depois da publicidade

Promessa de busão

A promessa é de que a Prefeitura de São José construa quatro salas na Escola de Educação Básica Professor Oswaldo Rodrigues Cabral para a transferência de 174 alunos em troca do espaço cedido à USJ. Os outros 43, que estudam em período integral, devem ser encaminhados à Escola de Educação Básica Wanderley Júnior e há a promessa – apenas verbal – de que terão ônibus à disposição até a conclusão do Ensino Médio, por ser a unidade mais afastada da Bela Vista: aproximadamente dois quilômetros.

Terá de acordar mais cedo

Se transferido para a EEB Wanderley Jr, João Gabriel terá de pular da cama mais cedo. Isso porque seu deslocamento será dobrado. Entre a casa dele, no bairro Roçado, e a EEB Bela Vista são quase 20 minutos caminhando. Mas entre a residência e o Wanderley Jr, são aproximadamente 45 minutos de caminhada – mais que o dobro.

– Terei de levantar quase uma hora antes, caminhar 20 minutos até o ponto, esperar o ônibus Bela Vista via Estreito, e caminhar até o Wanderley – explica o aluno.

Continua depois da publicidade

Assim, João, que hoje vai para a escola entre 7h e 7h10min, terá que sair no máximo às 6h30min para não se atrasar, já que as aulas iniciam às 7h30min. No inverno, isso significa ter que sair de casa pouco antes de o dia nascer.

Significa muito

O estudante teme a mudança não só pelo trajeto, mas por tudo o que o fechamento de uma escola representa.

Serão vinte minutos de caminhada, sete minutos de ônibus, e outros dez minutos de caminhada. Mas o sentimento pela escola de origem é o que mais conta para a maioria dos alunos.

Continua depois da publicidade

– Esperávamos que nossa escola fosse arrumada, porque gostamos muito daqui. Mas esse é o descaso do Governo com a gente – pontua.

Reunião hoje com o Sinte

Acontece hoje às 18h30min, uma reunião com a presença do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte-SC) Regional São José, pais, alunos e professores na EEB Bela Vista para discutir a possibilidade de fechamento da escola.

– Queremos esclarecer à comunidade escolar o que vem acontecendo, que claramente é uma articulação política. Em uma próxima reunião a ser marcada nos próximos dias, vamos nos mobilizar para impedir que isso aconteça. Onde já se viu fechar escola? – indaga a coordenadora do Sinte Regional de São José, Mônica Bombillio Bittencourt, que se formou e leciona no Bela Vista.

Continua depois da publicidade

– Queremos saber se temos algum direito ou se podemos fazer algo a respeito disso _ lamenta a professora Ângela Maria São Thiago Caporal.