Especialistas ouvidos pelo Diário Catarinense apontam que o aumento de até R$ 0,50 no litro da gasolina após a greve dos caminhoneiros é, na verdade, a volta do preço “real” do combustível às bombas impulsionada pela alta demanda depois de dias de escassez. Segundo eles, o próprio mercado acabará se regulando nas próximas semanas e meses, com a tendência de leve diminuição no valor quando o abastecimento estiver totalmente normalizado e a concorrência por clientes aumentar.

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O administrador Hercilio Fernandes Neto, que desde 1976 coordena o estudo da Esag/Udesc sobre o custo de vida de Florianópolis, explica que nos últimos meses os postos vinham trabalhado com o chamado preço de oferta. Na prática, havia descontos para atrair os motoristas em um mercado recessivo, em que praticar preços maiores prejudicaria a saúde financeira dos estabelecimentos, ainda que a margem de lucro tivesse que ser muito reduzida nesse cenário.

— Até uns 15, 20 dias, estava sobrando combustível, o mercado estava recessivo. Os postos não estão se aproveitando do momento. Eles têm custos e agora cobram o preço normal sem nenhum desconto, porque sabe que o mercado é comprador neste momento — avalia.

Neto acrescenta que valores em torno de R$ 4,29 estão dentro da normalidade, refletindo preços que já foram praticados no início do ano, antes de promoções serem aplicadas:

— Se estiver muito acima disso, aí já está fora da realidade. Agora todo mundo está nesse trauma de encher o tanque, mas o mercado vai regulando isso.

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O doutor em economia João Rogério Sanson também reforça que o comportamento do consumidor influencia na questão dos preços. Vindo de uma escassez, é natural que as pessoas estejam precisando de combustível e estejam dispostas a pagar mais caro.

— A empresa tenta pegar o melhor preço que puder que fique acima dos seus custos e que o mercado aguente, porque o comprador também tem um limite. Com o passar dos dias tende a se aproximar daquele preço que a Petrobras vinha determinando — comenta o especialista.

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