Podia ter melhorado, mas piorou. Muitos motoristas de carros e motos acreditaram que o movimento dos caminhoneiros que pedia a redução do preço do óleo diesel, entre outras reivindicações, também poderia influenciar o custo da gasolina, mas o que se viu após a retomada do abastecimento foi o aumento do preço nos postos. Em Florianópolis, quem foi abastecer o veículo na manhã desta sexta-feira, 1, encontrou o litro da gasolina até R$ 0,50 mais caro do que no início da paralisação dos caminhoneiros.
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A reportagem da Hora de Santa Catarina percorreu nove postos de combustíveis e comparou com os preços divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) nos dias 21 e 22 de maio (por serem os primeiros dias de paralisação dos caminhoneiros, os tanques dos postos ainda tinham combustíveis).
A maior diferença encontrada foi em um posto no bairro Capoeiras. No dia 22 de maio, o litro da gasolina, que havia sido comprado por R$ 3,673 na refinaria, era vendido a R$ 3,999. Hoje, comprado a cerca de R$ 3,80, de acordo com um funcionário que não quis se identificar, o litro de gasolina é vendido a R$ 4,499: um aumento de apenas R$ 0,13 na refinaria, mas de R$ 0,50 nas bombas.
— É um aumento abusivo, sem dúvidas, mas como eu trabalho com vendas e preciso do carro, tenho que abastecer mesmo assim — reclamou Douglas Schutz, de 22 anos.
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— Acho que estão tirando o atraso — emendou a empresária Ingrid de Sá, que abastecia seu carro na bomba ao lado.
Dos nove postos verificados pela reportagem, seis tiveram aumento de preços que variaram entre R$ 0,20 e R$ 0,50 e apenas três postos mantiveram os preços praticados nos dias 21 e 22 de maio. Nos locais verificados, a lei da oferta e demanda é quem dita as regras e o litro da gasolina já custa entre R$ 4,299 e R$ 4,499.
— Dez dias atrás eu abasteci com gasolina aditivada a R$ 3,99, fica difícil eles justificarem todo esse aumento. As pessoas deveriam boicotar e não encher o tanque. Estou abastecendo só o suficiente para levar minha na escola nos próximos dias. Não podemos querer melhorar o país se não fazemos a nossa parte — comenta a jornalista Renata Lopes, de 41 anos, que mora na Praia da Joaquina e leva a filha todos os dias para a escola que fica na Trindade.
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Sindicato e Procon negam abuso de preços
Apesar do fato de que a população sentiu no bolso o preço da gasolina após o fim da mobilização dos caminhoneiros, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis) nega que os postos tenham aumentado o valor do litro da gasolina.
De acordo com o vice-presidente Joel Fernandes, antes da paralisação os postos estavam praticando preços promocionais, por conta de um desconto oferecido pelas distribuidoras. Agora, os postos tiveram que cancelar as promoções e voltar a praticar o preço normal de mercado.
— Posso afirmar com segurança que na Grande Florianópolis nenhum posto aumentou os seus preços, todos estão trabalhando na faixa de R$ 4,29 a R$ 4,49. Ainda não está no preço real, porque isso é o preço do custo mais 20%. Hoje as distribuídas estão vendendo gasolina na faixa de R$ 3,85 o litro. Mais R$ 0,77 (20%) dá 4,62, esse é o preço real da gasolina — afirma Fernandes.
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Na quinta-feira, 31, o Procon/SC fez mais uma ação na Grande Florianópolis para evitar a cobrança de preços abusivos. De acordo com o diretor estadual Michael da Silva, não foi percebida qualquer irregularidade.
— Nós constatamos que o mercado estabilizou após estas ações do Governo do Estado através de fiscalizações do Procon e os postos estão mantendo a faixa de preço praticada anteriormente.