Em uma assembleia na manhã desta quarta-feira, a Guarda Municipal de Florianópolis decidiu não voltar às ruas sem a autorização para o porte de armas. A Prefeitura, como ação imediata, cortou os 30% extra do salário que os agentes recebem por risco de vida (obrigatório por lei para este tipo de profissão) e as horas extras. A Secretaria de Segurança e Gestão de Trânsito também anunciou que prepara a documentação para obrigar a volta aos trabalhos – com ou sem armas – judicialmente. A ação provocou uma reação. Ainda na tarde desta quarta, alguns guardas já voltaram a ocupar seus postos de trabalhos operacionais e voltaram a circular pelas ruas da cidade.

Continua depois da publicidade

O Sindicato dos Guardas Municipais de Santa Catarina é contrário à decisão. Alexsandro Coelho, presidente da entidade, diz que não há condições dos guardas saírem às ruas sem estarem armados.

— A Guarda Municipal de Florianópolis trabalha há oito anos armada. Um agente que saiu armado às ruas, que pode ter atuado no combate ao tráfico, em algum problema no trânsito ou em caso de roubos e furtos, ir para a rua, do dia para a noite, sem a arma, é colocar o trabalhador em risco. Quem vai se responsabilizar caso ocorra algum problema? — indaga.

Ele afirma que, desde a última sexta, os agentes estão comparecendo ao trabalho, mas ficam dentro da base da GM.

— O sindicato é contra, mas houve uma determinação do secretário de que voltassem a atuar nas ruas. Em comum acordo entre os guardas e o comando, eles voltaram aos postos de trabalho — explica.

Continua depois da publicidade

Apesar do retorno, Alexsandro diz que a orientação é de que evitem o enfrentamento. Por isso, os trabalhos serão focados na preservação do patrimônio público.

Já o secretário de Segurança, José Paulo Rubim Rodrigues, diz que os agentes não realizaram nos últimos nem trabalhos administrativos nem de rua. No fim da tarde desta quarta, ele recebeu a informação de que os profissionais retomariam as atividades, mas não em funções que pudessem resultar em enfrentamento com suspeitos.

O secretário também aguarda a posição da Justiça para a volta do uso do armamento. O convênio entre Polícia Federal e Prefeitura, que permitia o uso das armas, foi encerrado no dia 1º de julho. A PF alegou que o órgão não apresentou comprovação documental da realização de cursos técnicos, da quantidade específica de 100 horas/aula para armas semiautomáticas (pistola que hoje é usada pela Guarda) e de 60 horas/aula de armas de repetição.