Sob o argumento de que o tempo de 20 minutos concedido pela juíza Marixa Fabiane para a defesa era insuficiente para apresentar os questionamentos preliminares, os advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, abandonaram o julgamento do caso Bruno no início da tarde desta segunda-feira.
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Bola, Macarrão, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e outras duas pessoas, começaram a ser julgados nesta segunda-feira em Contagem (MG), pelas acusações de sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, que era ex-amante de Bruno.
Os advogados Ércio Quaresma, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Zanone de Oliveira Júnior – além de três assistentes -, que defendem Bola, foram os primeiros a deixar a sala do júri, no Fórum de Contagem. Logo depois, foram seguidos pelos três defensores de Macarrão, Leonardo Cristiano Diniz, Bruno Oliveira Gusmão e Sandro Renato Constant de Oliveira.
– Não temos a menor condição de trabalhar em um julgamento em que a defesa é cerceada já no prólogo, que dirá no epílogo – protestou Quaresma.
A Justiça já havia previsto esse tipo de estratégia da defesa e antecipadamente notificou a Defensoria Pública para que representantes do órgão se inteirassem do processo e ficassem à disposição para evitar o adiamento do julgamento.
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– Se a defesa mantiver essa postura, declararei os réus indefesos – disse a juíza.
Em seguida, Quaresma pediu para conversar em particular com seu cliente, para orientá-lo a não aceitar a nomeação de um defensor público. Após a atitude da defesa de Bola, os demais advogados pediram para se reunir para decidir o que fazer e a sessão foi suspensa para o almoço, pouco depois das 13h30min.
Além de Bruno, de Bola e de Macarrão, serão julgados a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê que Eliza teve com o jogador, e outra ex-namorada do atleta, Fernanda Gomes de Castro, acusada do sequestro e cárcere privado da criança e da mãe.
O julgamento estava previsto para começar às 9h, mas a manhã foi marcada por discussões provocadas principalmente por Quaresma. Depois de um princípio de tumulto com o colega Rui Pimenta, defensor de Bruno, e de questionar a composição dos jurados que seriam sorteados para o julgamento, Quaresma voltou a se envolver em mais duas discussões com a juíza Marixa.
Antes da decisão de deixar o plenário, ele já havia protagonizado um bate-boca com a magistrada ao exigir acesso às mídias com depoimentos de testemunhas. A juíza determinou que esse material poderia ser assistido em equipamento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), mas a defesa de Bola alega não ter tido acesso aos interrogatórios. Os advogados chegaram a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o julgamento, mas o pedido foi negado pelo ministro Joaquim Barbosa.
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Segundo Marixa, o material só pode ser assistido em equipamento do TJ-MG para preservar a imagem das testemunhas, já que os interrogatórios estão em áudio e vídeo.
– Tem dois anos que o processo está em curso. A defesa poderia ter marcado minuto a minuto os trechos – argumentou a magistrada.