Quem não tinha caminhonete, foi de auto. Ou algo assemelhado, aqueles possantes carros V-8 modelos Anos 60 e 70, caindo aos pedaços, mas com motor cujo ronco faz tremer as paredes dos prédios. Quem nem automóvel tinha, foi de moto. Aliás, motoqueiros, vestindo vermelho, já estavam reunidos em praças e postos de gasolina desde antes do anúncio de que Chávez ganhara a eleição.

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Às centenas de milhares, eles formaram a espinha dorsal da grande carreata de apoio a El Comandante, em sua terceira eleição, aquela que vai garantir um total de 20 anos no poder. Isso se ele não quiser mais, já que se negou a fazer especulações sobre quanto tempo ainda deseja governar.

– O que são 20 anos? – brincou Chávez, em entrevista a jornalistas um dia antes da eleição.

Será que brincou?

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O certo é que motoqueiros com suas namoradas, caminhonetes com suspensão arriada pelo peso de até 15 pessoas nela empoleiradas e táxis remendados encabeçaram um cortejo que atravessou Caracas de Oeste a Leste, chegando aos poucos até o Palácio Miraflores, onde Chávez os esperava.

A multidão não arredou pé da área central da cidade. As 10 quadras anteriores ao palácio estavam tomadas de gente, intrafegáveis. Carros e motos andavam em círculos, tentando deixar o congestionamento e novamente se enredando. Mas, embriagados de vitória – e também de rum, tomado direto na garrafa, já que a Lei Seca eleitoral acabou à meia-noite – os fanáticos admiradores de Chávez passaram a madrugada em festa.

Bailando rumba, salsa e outros ritmos caribenhos (quem sabe mesmo a diferença entre eles, me aponte). Carregando fotos gigantes de El Comandante. Usando as camisetas vermelhas e boinas negras a la Che Guevara. Vestindo uniformes. Caindo tombos em plena rua e nem ligando para isso. Entorpecidos pela vitória de alguém que fala a sua língua, aquilo que eles querem ouvir, mesmo que a realidade seja um pouco mais dura que o sonho vendido pelo governante que acaba de ganhar passe livre para completar duas décadas à frente dos venezuelanos.

Conforme o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Chávez teve 54,42% dos votos, contra 44,9% alcançados por seu principal opositor, o advogado Henrique Capriles. Foi a confirmação do que indicavam quatro das seis principais pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias.

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