Lauri Amado de Souza Nery _ acusado de tentar matar a ex-mulher ao jogar óleo quente e ácido contra o corpo dela _ ocupou o banco dos réus na tarde desta quinta-feira, no Tribunal do Júri de Joinville. A sentença foi pronunciada após quase sete horas de julgamento, por volta de 20 horas.

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O réu foi condenado a 22 anos de prisão em regime fechado e não terá o direito de recorrer em liberdade. São 20 anos por tentativa de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e tornar impossível a defesa da vítima) contra a ex-companheira Maria de Fátima Cecílio; dois anos, dois meses e 20 dias por lesão corporal contra a filha da ex-companheira; e um mês por ameaça contra o ex-cunhado.

O crime aconteceu na madrugada de 28 de janeiro na casa da vítima. O casal havia terminado o relacionamento e Lauri não teria aceitado a separação.

Camila Cabral _ filha de Maria de Fátima Cecílio que está internada desde janeiro com 40% do corpo queimado _ foi a única testemunha a prestar depoimento durante o julgamento.

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Vestindo uma camisa com a foto da mãe antes de ter a face atingida pelo líquido corrosivo, a jovem entrou na sessão com os olhos marejados. Emocionou-se várias vezes durante o depoimento, principalmente quando precisou relatar o que ocorreu na noite em que sua mãe foi vítima e o estado em que ela se encontra ainda hoje no hospital.

Os ferimentos, segundo relatos da filha, não cicatrizam, as tentativas de enxerto não tiveram sucesso, a respiração só é permitida por meio de uma traqueostomia e o transplante de córnea para recuperar a visão não pode ser realizado.

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– Ele acabou com a vida dela, minha mãe não faz mais nada sozinha e mesmo com remédios sente muita dor. Os sonhos que ela tinha não podem mais ser realizados – lamentou a filha.

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Familiares se emocionam durante a sessão / Foto: Salmo Duarte

O acusado Lauri Amado de Souza Nery prestou depoimento depois de Camila. Ele confessou que atirou o óleo fervendo na mulher, mas negou que havia ácido misturado ao líquido. Disse que teria encontrado roupas de outro homem em cima da máquina de lavar e, por isso, teria cometido o crime.

No depoimento prestado na fase policial, Lauri deu outra versão e relatou que a intenção era de jogar o óleo nos cachorros e não na mulher.

– Não sei, na hora não pensei. Nunca tive intensão de matá-la, fiquei enciumado – justificou.

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Acusado prestando depoimento no Tribunal do Júri / Foto: Salmo Duarte

Após o depoimento do réu, ocorreram os debates entre a acusação, na figura do promotor Alan Boettger, e a defesa, por meio do defensor público Vinícius Manuel Ignácio Garcia. O julgamento foi conduzido pela juíza da 1ª Vara Criminal, Karen Francis Schubert Reimer.