Buenos Aires é palco em dezembro do anúncio dos entendimentos políticos entre o Mercosul e a União Europeia (UE) para alcançar a conclusão das negociações de um acordo comercial em 2018, após quase vinte anos de (des)encontros. Para o Brasil, o acordo converterá a UE, que já é o principal investidor estrangeiro e o primeiro parceiro comercial em bens e serviços, efetivamente, no parceiro estratégico mais relevante para a realização de negócios internacionais, especialmente, pela possibilidade de alavancar alianças e parcerias estratégicas para ampliar o acesso de produtos manufaturados aos países desse bloco.

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Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) demonstram que mais de mil produtos têm chance de participar nesses mercados e 67% dos produtos exportados atualmente pagam tarifa que seria eliminada, o que aumentaria exponencialmente a possibilidade de aprofundar o volume exportador. Para a UE, também é atrativo concluir o referido acordo, uma vez que as exportações, para o Mercosul aumentam consideravelmente.Em 2016, atingiram aproximadamente € 54 bilhões.

Os setores empresariais buscam que esse acordo cimente um entendimento maior entre os organismos de ambos os blocos no tocante a barreiras técnicas e às medidas sanitárias e fitossanitárias para encontrar formas bilaterais de consenso e, assim, evitar o ingresso de ações junto à Organização Mundial do Comércio. Há vários temas considerados espinhosos ainda a serem aperfeiçoados e um deles é o estabelecimento de regras de origem por produto que é um dos alicerces de qualquer acordo comercial. Nesse caso, majoritariamente os diversos setores industriais brasileiros não podem flexibilizar da exigência de conteúdo nacional, do processo e da transformação para evitar as triangulações que levariam a outorgar benefícios fiscais a produtos sem nenhuma agregação de valor local.

Atratividade mesmo, para o Brasil, será utilizar a capacidade ociosa, hoje estimada em 66% pela CNI, após a crise econômica interna, por meio da abertura de novos mercados, e, principalmente, alicerçar a inserção dos setores industriais brasileiros na cadeia de valor global, com segurança jurídica. Um acordo comercial dessa grandeza sinaliza a abertura de vinte e sete mercados, o que não é trivial, e demandará tempo para entrar em vigência, uma vez que após sua aprovação oficial, cada um dos vinte e sete membros da UE deverá submetê-lo à aprovação do seu Parlamento, bem como os países do Mercosul junto aos respectivos Congressos. O entendimento político deve ser festejado porque, apesar de provisório, abre a porta para a inserção do Brasil em um mercado de 500 milhões de consumidores com renda média per capita de US$32 mil.

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