Após 15 anos de espera, o projeto do Sistema Integrado de Abastecimento da Grande Florianópolis parece estar saindo do papel.

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Com 69% da obra concluída na Estação de Tratamento de Água José Pedro Horstmann, de Morro dos Quadros, em Palhoça, a distribuição de água a 750 mil pessoas que vivem em Florianópolis, São José, Biguaçu, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz promete ser dobrada pela Casan.

No final da manhã desta quinta-feira, 30, o governador Raimundo Colombo vistoriou o empreendimento acompanhado do gerente de construção e pelo presidente da Casan – Fábio Krieger e Valter Gallina.

– A Grande Florianópolis vem atraindo muitos novos moradores. Precisamos de infraestrutura. Com essa obra, que ficará pronta em outubro e terá pleno funcionamento em dezembro, iremos garantir o abastecimento por 20 anos na região. Também não teremos mais problemas com a distribuição durante períodos de pico, como o verão – assegura o governador.

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O sistema

Segundo a Casan, obras complementares estão sendo realizadas paralelamente para garantir a distribuição da água: colocação de uma adutora de 1,2 milímetros em São José e outra de 800 milímetros na Bacia do Itacorubi – essa última responsável pelo transporte de água para os bairros do Norte da Ilha, que observam aumento populacional considerável durante a temporada. A primeira estrutura tem prazo para término no fim de 2015 e, a segunda, em 2016.

A construção do flocodecantador da Estação de Tratamento de Morro dos Quadros, em uma área de 3.863 m², tem vazão projetada de 3 mil litros por segundo. A atual capacidade dos rios Cubatão e Pilões, fontes da estação, são de 500 e 1,5 mil litros por segundo, respectivamente.

Até abril, foram investidos mais de R$ 9 milhões, mas o orçamento completo é de R$ 18 milhões – com 75% de recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, e 25% do Governo do Estado de Santa, por meio da Casan. Ao todo, 180 homens trabalham no local, sendo 65 haitianos.

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Trabalhador haitiano contratado pela Cosatel, empreiteira responsável pela obra. Foto: Diorgenes Pandini/Agência RBS

Melhoria na qualidade da água

Segundo o gerente de construção da Casan, Fábio Krieger, o curso do Rio Cubatão apresenta muita erosão. Por consequência, a água que chega até à ETA vem com bastante resíduos, cor e turbidez. Para corrigir o problema, duas etapas foram inclusas no tratamento do líquido: floculação e decantamento.

– Com as fases intermediárias, o flocodecantador vai transformar a estação de tratamento de filtração direta em uma estação de tratamento convencional. Em vez de o material em suspensão na água chegar diretamente à etapa de filtração, ficará decantado [separado] antes. Mais de 90% já ficará retido no novo decantador – explica.

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Rafael também garante que não haverá adição de químicos, além do que já se utiliza – polímeros e sulfato de alumínio. Ele compara o tratamento que será possível na ETA Morro dos Quadros à limpeza de uma piscina.

– A lavagem dos filtros hoje é feita a cada 24 horas. No novo modelo, a limpeza poderá ser feita em intervalos menores – promete o engenheiro.

Essa possibilidade irá garantir a continuidade da distribuição a lugares mais elevados, por exemplo, que têm abastecimento interrompido para execução do procedimento.

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O professor do Laboratório de Potabilização da Água da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Maurício Sens, reconhece o aumento da vazão e melhoria na qualidade da água com a obra, mas diz que é necessário mais.

– É de grande importância, porque algumas regiões possuem falhas no abastecimento. Mas além de tomar cuidado e eleger uma equipe para conter as perdas na produção, que chegam a 49%, é preciso investir no longo prazo na retirada de substâncias químicas. Agrotóxicos e hormônios são encontrados no rio Cubatão – explica.