Ah o verão… 40º todos os dias, praias cheias, e os velhos problemas que dificultam a vida dos moradores da Grande Florianópolis. Um dia falta água, outro dia falta luz, isso quando não acontece tudo ao mesmo tempo. A população já reclamou, mas o imbróglio parece longe do fim. Os temporais que tem acontecido com hora marcada praticamente todos os dias, pioram ainda mais a situação.

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A proprietária de uma padaria no bairro Ipiranga, em São José, Patrícia Correa Ronsani, ainda não contabilizou o prejuízo financeiro que teve com a falta de luz de quatro dias consecutivos – sexta, sábado, domingo e segunda-feira – mas teve que jogar no lixo mais de 50 quilos de pão de trigo prontos para assar, calzones congelados, além de quilos e mais quilos de embutidos, bolos e outros doces que azedaram após mais de 12 horas sem luz.

Produtos tiveram que ir pro lixo após 12 horas sem energia

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Foto: Arquivo Pessoal

– Pago uma conta altíssima, sempre certinho. A gente liga para a Celesc e eles demoram horas para chegar, e não informam direito qual o problema. Vem aqui e concertam, mas não demora muito para acontecer de novo. Pelo menos umas três vezes por mês é a mesma coisa – reclama.

No posto também tá ruim

A mesma situação relatou Luiz Monguilhott, proprietário de um posto de gasolina vizinho a padaria:

– Toda vez eu fico horas no telefone abrindo protocolos com a Celesc, e recebo os números no meu celular. Estou guardando tudo, e agora entrei com uma solicitação de auditoria na ouvidoria da empresa, e me informaram que vão fazer um levantamento do problema e me dar um retorno por e-mail até o dia 2 de fevereiro – disse Monquiilhott. ?

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Contraponto Celesc

De acordo com o chefe da divisão técnica da Celesc, engenheiro Adriano Luz, a falta de luz energia registrada no Bairro Ipiranga, foi ocasionada pelas tempestades e vegetação na rede. Ele garante que não houve problemas nos transformadores: “No ano passado houve um aumento do consumo na região, e realmente tivemos problemas, mas fizemos grandes obras e melhoramos a rede. Temos 18 equipes para atender na Grande Florianópolis, e priorizamos as situações de risco”, explicou.

A Celesc também esclarece que o grande número de tempestades tem causado desligamentos no sistema elétrico em várias regiões, mas não tem registro de sobrecargas.

Falta água, e quando vem está turva

Em Palhoça, os moradores já não aguentam mais viver na seca. Em alguns bairros, a água só chega de madrugada, e completamente turva. Na semana passada, a prefeitura do munícipio entrou com ação judicial contra a Casan por suposta quebra no acordo em relação à água fornecida para a cidade. Segundo o município, a falta de água estaria acontecendo devido à baixa vazão de água fornecida pela companhia.

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Thays da Silva, moradora do bairro Pacheco, reclama que com a água da cor que tem vindo, não dá para fazer nada:

– É uma humilhação, com essa água amarela não dá pra lavar roupa nem para cozinhar. Beber a gente não bebe mesmo, mas está ficando um nojo, cada vez pior – lamenta.

Doze dias sem água

No bairro Monte Cristo, na Capital, há 12 dias moradores enfrentam o problema. Shayane Cristine de Souza conta que esta prestes a fechar seu pequeno mercado, pois não tem mais como lavar louça e produzir os produtos da padaria:

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– A comunidade pede socorro. Vemos um reservatório gigante que não é liberado água pra gente. Minha caixa e a cisterna já esvaziaram. Tenho um filho especial e tive que levar ele para casa da avó, pois não tem condições de ficar em casa sem poder tomar nem um banho – disse.

Em outros bairros de Florianópolis, São José e Biguaçu o problema é o mesmo. Todos os dias dezenas de leitores ligam para a Hora de Santa Catarina para reclamar da falta d’água.

Contraponto Casan e Samae

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A Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) diz possuir documentos de dezembro com provas da vazão mais baixa. Em dezembro, moradores que entraram em contato com a Samae Palhoça – responsável pelo serviço na cidade – também foram informados de que a Casan estaria diminuindo a vazão.

Já a Casan contesta as críticas e afirma que não reduziu a distribuição de água. Segundo a companhia, medições de janeiro mostram que a vazão média foi maior que 420 litros por segundo, o que estaria inclusive acima do ideal.

Quanto a cor da água, a Casan culpa a alta incidência de temporais em Santa Catarina e admite que nunca esteve tão turva como agora, mas garante que não há riscos à saúde. Segundo a Casan, o Estado não registrava 25 dias consecutivos com tantos temporais há 60 anos. A chuva faz com que a água captada pela Casan na Grande Florianópolis chegue ao tratamento com galhos, folhas e barro, aumentando o tempo de tratamento. O cuidado no tratamento provoca uma vazão menor do que a habitual em alguns bairros de Florianópolis, Biguaçu, São José e Palhoça.

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Com relação ao Monte Cristo, a Casan informou que parte do bairro possui coleta, porém com o grande crescimento da região, inclusive com ocupações irregulares, há moradias que não contam com esse atendimento. Em função disso, CASAN programa ampliar a rede na região, com investimento de R$ 200 mil para assentar 1.700 metros de rede coletora. A previsão é de obras no segundo semestre de 2015. 4

A companhia ainda pediu desculpas pelo transtorno e reiterou que caminhões-pipa podem ser solicitados pelo telefone 0800 643 0195, informando o número da matrícula.