Em meio à renovação de 11 das 23 cadeiras da Câmara de Vereadores de Florianópolis, dois parlamentares se consagraram como os mais longevos atualmente em atividade na Casa do Povo da Capital: Erádio Manoel Gonçalves (PSD), 64 anos, e Dalmo Meneses (PSD), 65, eleitos para o quarto e sexto mandatos consecutivos, respectivamente.

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Ambos consideram ter alcançado a sequência de mandatos eletivos devido às bases eleitorais sólidas e os trabalhos comunitários realizados na Costeira do Pirajubaé, sul da Ilha, por Erádio, e no Rio Vermelho, norte da Ilha, por Dalmo. Também garantem ser a próxima legislatura, de 2017 a 2020, a última deles na Câmara. A seguir, um pouco mais dos medalhões da Casa do Povo.

Do trabalho comunitário à presidência

(Foto: Marco Favero / Agencia RBS)

Erádio sempre sonhou em ser vereador. Acalentava a aspiração antes mesmo de se mudar para Florianópolis, em 1974, após deixar Garopaba, sua cidade natal, com 19 anos. A origem da carreira parlamentar começou a ser pavimentada com o trabalho comunitário que realizava na Costeira do Pirajubaé, onde mora desde que chegou à Capital.

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— Desde que cheguei na Costeira já pensava em ser vereador. Em Garopaba, com 16 anos, eu já coordenava um time de futebol, e foi nessa época que me envolvi com a política comunitária — conta Erádio.

Foi da Costeira, e de outros bairros do sul da Ilha, que saíram boa parte dos votos que elegeram Erádio como vereador em quatro ocasiões. Desde as eleições de 2000, em apenas uma ele não se elegeu, a de 2004, quando ficou em primeiro suplente e não chegou a assumir o cargo.

— Fui um dos mais votados, mas não entrei por causa da legenda. Até me chamaram para assumir como suplente logo depois, mas como era funcionário da Assembleia Legislativa, assumi uma diretoria — revela.

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Das 68 proposições do vereador Erádio que aparecem no perfil do parlamentar no site oficial da Câmara de Vereadores de Florianópolis, a partir de 2009, mais da metade, 35, foram projetos para dar nome a ruas espalhadas pela cidade, a maioria na Costeira.

Outros 14 projetos se referem a alterações em artigos de lei que tratam, entre outros, do prolongamento da extensão de ruas da cidade. Também é de autoria de Erádio o projeto de lei 16.679/2016, ainda em tramitação na Câmara, que declara de utilidade pública municipal a Federação Catarinense de Pole Dance (Fecapole).

— Todos os meus projetos foram de cunho comunitário, mas o mais importante pra mim foi o da creche comunitária, de 2001, que é uma parceria entre as comunidades e o poder público, além do projeto que colocou a Guarda Municipal nas escolas — afirma.

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Sobre suas propostas mais comuns, se orgulha de “ser o vereador que mais fez projetos de nomes de rua”:

— Na Costeira do Pirajubaé eu aprovei 95 ruas. Só na Costeira. A gente deu endereço para as pessoas. Quando entrei na Câmara, em 2000, só uma rua tinha nome na Costeira — diz.

Durante as décadas de 70 e 80, Erádio, formado em pedagogia e administração de empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi professor de matemática no ensino fundamental e médio da rede pública municipal e estadual. Casado, pai de três filhos, também trabalhou na prefeitura de Florianópolis.

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Em 1979, se tornou funcionário concursado da Alesc, onde se aposentou em 2015. Recebe da aposentadoria, líquido, R$ 16 mil. Como vereador, seu salário líquido é de mais de R$ 11 mil. Ao longo desses 12 anos como vereador, Erádio foi base de apoio de três diferentes governos. Argumenta que “sempre se deu bem com os prefeitos”. E se considera um sujeito com vocação para a política.

— Tenho vocação para ser vereador, gosto. Me dá prazer, me dá satisfação, trabalho sábado e domingo direto, ajudo as comunidades, fazemos calçamento de rua, fazemos festas para as comunidades — narra.

A Legislatura 2017-2020, garante Erádio, deve ser a última de sua carreira como vereador. Pretende, talvez já em 2018, disputar a eleição para deputado estadual.

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— Estamos analisando essa situação, ainda é cedo — conclui.

24 anos como vereador da Capital

(Foto: Marco Favero / Agencia RBS)

Dalmo conhece como poucos os meandros da Câmara de Vereadores de Florianópolis. Também pudera: durante os últimos 20 anos ele ocupou uma cadeira no plenário. Sua sexta reeleição, neste ano, o alçará a um dos parlamentares que mais mandatos consecutivos exerceram no legislativo da Capital – ele pediu para servidores averiguarem nos registros da Casa se outro vereador foi tão longevo no cargo.

Ao fim da próxima legislatura, Dalmo completará 24 anos como vereador. Carreira que começou a ser desenhada quando ele tinha 44 anos, em 1996, e que ganhou força na folha corrida prestada como funcionário da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e nos trabalhos comunitários exercidos no Rio Vermelho, sua base eleitoral, junto com Ingleses.

— Sempre trabalhei como líder comunitário, com as associações de moradores, além de ter sido funcionário da Casan por muitos anos, o que também me credenciou a tentar uma vaga na Câmara — avalia.

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Filho de um cabo eleitoral atuante no norte da Ilha, Dalmo sempre esteve envolvido com política. Até o pleito deste ano, suas votações sempre foram maiores do que nas eleições anteriores, o que não se repetiu em 2016, quando previa fazer mais de 5 mil e conseguiu 2.670 votos.

Um dos quatro denunciados na Operação Ave de Rapina que conseguiu se reeleger — de um total de 10 —, atribui, entre outras coisas, a divulgação da denúncia como um fator que o prejudicou na eleição.

— A própria situação do país e a tendência de renovação também proporcionaram isso. E essa operação, que citou nomes de vários outros vereadores, foi explorada especialmente pelos adversários e pela mídia, prova disso é que só quatro voltaram — expõe.

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Devido a uma desatualização existente no site da Câmara de Vereadores, as proposições referentes aos primeiros anos de mandatos dos vereadores mais antigos não estão atualizadas, algo que o Departamento de Consultoria Técnicas e Processos trabalha para arrumar.

Das 16 proposições do vereador Dalmo que podem ser acessadas, cinco são denominações de ruas, três são declarações de utilidade pública de associações ou clubes, duas são concessões de medalha a pessoas físicas, quatro se referem a alterações em artigos de lei que versam sobre o prolongamento da extensão de ruas, outra é uma revogação de lei e por último um requerimento para deliberar em plenário a mudança no horário de atendimento do Balcão da Cidadania.

— Os projetos que considero mais importantes são o de prevenção do uso de drogas nas escolas, a proibição do uso de celulares nas filas de banco e a transformação de uma área desabitada em área comunitária institucional, no Rio Vermelho — narra Dalmo.

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Casado e pai de três filhos, é formado em administração de empresas e trabalhou por 35 anos na Casan. Natural de Florianópolis, prefere não revelar seus vencimentos como aposentado. Como vereador, recebe mais de R$ 11 mil.

Foi base de apoio dos governos Angela Amin (PP), entre 1997 e 2004, e de Cesar Souza Junior (PSD), entre 2013 e 2017. No governo Dário Berger, entre 2005 e 2012, não fez parte da base, mas ressaltou que não foi oposição, e sim “trabalhou pela cidade”.

Questionado se pretende se candidatar novamente a vereador, garante que não. Também não descarta cumprir o mandato só até 2018, para em seguida tentar a candidatura de deputado estadual.

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