Tem pastor, empresário, administrador, agrônomo, advogado e aposentada. Tem gente do sul da Ilha, do norte, do Centro e do continente. Tem quem já havia sido candidato, outro ex-vereador, e uma maioria que resolveu estrear nas urnas em 2016. Todos terão sua cadeira no plenário da Câmara de Vereadores de Florianópolis na Legislatura 2017-2020. Como caras novas que são, querem fazer diferente, agregar e contribuir para uma Casa do Povo em que o povo realmente se identifique.

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Entre as missões destes 10 homens e uma mulher – a única eleita na Capital, está a de devolver a credibilidade perdida pelo legislativo florianopolitano, depois dos escândalos que marcaram a Legislatura 2013-2016, como a operação Ave de Rapina, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2012.

Para você conhecer melhor quem são os responsáveis por dar novos ares ao parlamento, a Hora preparou um perfil dos vereadores eleitos para legislar, fiscalizar o poder executivo e, também, suas próprias condutas.

Serão eles que, durante os próximos quatro anos, representarão você no prédio da Rua Anita Garibaldi e nas ruas, e é daí que podem sair algumas das melhorias que a cidade mais precisa.

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Pastor e, agora, também vereador

(Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Nascido em Matelândia, no Paraná, Claudinei Marques (PRB) tem 40 anos e há 21 é administrador e pastor da Igreja Universal. Foi o segmento evangélico que o elegeu, admite. Revela que desvinculou o nome de pastor da campanha “para não misturar as coisas”.

Morador do continente, Claudinei teve votações expressivas em diferentes regiões da cidade e atingiu 3.346 votos. Suas bandeiras são estimular a entrada de jovens no mercado de trabalho, principalmente através do artesanato, e dar atenção “especial” aos moradores de rua.

— Meu foco é a parte social, para tirar jovens das ruas e gerar oportunidades a eles estimulando o artesanato, que hoje está meio apagado na cidade. Precisamos de uma feira de artesanato no centro — explica.

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Estreante em eleições, conta que os seis meses que esteve à frente do Instituto de Geração de Emprego e Oportunidades de Florianópolis (Igeof) foram determinantes “para topar o desafio de entrar na vida pública”.

— Andando na cidade, vendo as dificuldades, percebi que poderia contribuir para uma mudança — garante.

Questionado se seguirá atuando como pastor durante os quatro anos no Legislativo, foi rápido:

— Pastor a gente nunca deixa de ser.

Empurrãozinho dos amigos

(Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Fábio Braga (PTB), 35 anos, atuou como líder do movimento contra o aumento do IPTU em Florianópolis em 2013. Ali foi plantada a “semente” de sua candidatura em 2016, sua estreia nas urnas. Os responsáveis pelo “incentivo” foram os amigos do advogado por formação.

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— Em 2013 a gente não teve ressonância na Câmara. Meus amigos começaram a me incentivar, para poder ajudar a sociedade — afirma o dono de 1.747 votos.

De Florianópolis, criado entre o Centro e a Armação, no sul da Ilha, seus votos se espalharam pela cidade. Entre as bandeiras, a defesa de micros e pequenas empresas, bem como do desenvolvimento econômico da cidade, além de “simplificar a abertura de novas empresas”.

— Eu defendo a autonomia do poder legislativo, não pode vir a reboque do que o prefeito quer. Também temos que ter diálogo, conversar com os diferentes setores da sociedade.

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Após falar que desempenhará um trabalho “autônomo”, e confirmar que apoia Gean Loureiro (PMDB), a reportagem o questionou como fará no caso de haver pressão do Executivo para que sejam aprovados projetos de interesse do futuro prefeito.

— O prefeito não pode nos cobrar nada, é o vereador que cobra do prefeito, não serei subserviente ao prefeito — prometeu.

Por “Golias” e todos os animais

(Foto: Betina Humeres / Agência RBS)

Maria da Graça aparecia nas inserções de TV da campanha com um cachorro no colo. O nome dele é Golias, há nove anos com a vereadora eleita. Aos 67 anos, a peemedebista conta que pela idade “ele não pôde participar tanto da campanha”.

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— Levei o Golias na primeira passeata, mas ele não aguentou, tá muito velhinho — explica.

Carioca, mora em Florianópolis desde 2000, em Jurerê, e teve 2.116 votos. Em relação a sua base eleitoral, afirma que foi a candidata de uma “ideia”, de um “conceito”.

— Que é termos uma cidade mais justa para os animais. Fiz votos em toda Florianópolis, até em lugar que nem sei onde é — conta.

Maria da Graça foi diretora de Bem Estar Animal por oito anos, a maioria no governo Dário Berger (PMDB). Diz não ser uma política, mas sim uma “idealista”.

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Critica o atual prefeito Cesar Souza Junior (PSD), que teria “desmantelado” o Bem Estar Animal. Sua principal bandeira é “reerguer” o órgão, ampliá-lo para oferecer maior e melhor serviço à sociedade. Promete aumentar as consultas veterinárias para “diminuir as consultas aos humanos”.

— Porque tem muita doença que vem dos animais, dermatite, verminose e todas as zoonoses. Vamos esterilizar em massa os animais que vivem nas ruas.

Ex-militante de esquerda que virou tucano

(Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

A base eleitoral de Maikon Costa (PSDB) é o Carianos, no sul da Ilha. Foi lá que o empresário do setor de transporte de cargas amealhou 1.221 votos de um total de 1.991, se elegendo na segunda eleição que disputou. Em 2012, teve 707 votos.

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Hoje em berço tucano, as origens de Maikcon na política vêm da militância no PT, algo que prefere não dar detalhes. Reforça que não chegou a se filiar ao partido da estrela vermelha, apenas “militou” na sigla até 2010, quando desembarcou no PSDB.

— Eu recebi um convite para ingressar no PSDB, estudei bastante o estatuto, vi que era exatamente o que eu penso, as transformações através do capital e das questões comunitárias — explica.

Sua principal bandeira são os terrenos de marinha, muitos deles no próprio Carianos, bem como a fiscalização do poder executivo. Não soube dizer se já tem algum projeto de lei complementar em mira para propor na Casa. Afirmou que antes de fazer novas leis, é necessário fiscalizar o cumprimento das já existentes.

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— A gente também falou bastante na mobilidade urbana no primeiro nível, que é cuidar das calçadas, do saneamento e fornecimento de água. Nos terrenos de marinha, devemos provocar as partes para extinguir a tributação.

Consultor de empresas e órgãos públicos

(Foto: reprodução / facebook)

Desenvolvimento econômico através do turismo, tecnologia e entretenimento. Estas são as bandeiras de Milton Donizete Barcelos, o Miltinho (DEM), ilhéu de 34 anos.

Sobre como vai conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, afirma que “tudo na cidade dá para construir desde que preserve a natureza”.

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— Tem coisas que acontecem em Florianópolis que é um absurdo. Mesmo o empresário tendo a documentação legal, que dá o direito de construir, esse cidadão ainda fica enfrentando dificuldades para conseguir desenvolver a economia da cidade, com barreiras aos empreendimentos — avalia.

Sua base eleitoral é Ingleses e outros bairros do norte da Ilha, onde alcançou a maioria de seus 1.771 votos. Tem experiência no Legislativo, já que foi chefe de gabinete de ex-vereador, além de ter sido por oito anos diretor de relações da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF).

Miltinho é consultor de empresas e órgãos públicos, como prefeituras. Questionado se seguirá prestando consultorias agora que exerce o cargo de vereador eleito pelo povo, garante que não.

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— A minha empresa continua trabalhando com prefeituras, mas não é a prefeitura de Florianópolis. São prefeituras de fora do Estado, vou me afastar — jura.

Da iniciativa privada ao serviço público

(Foto: Divulgação / Divulgação)

Empresário do setor de turismo e hotelaria, Bruno Souza (PSB), 32 anos, disputou sua segunda eleição em 2016, e ao alcançar 3.326 votos conseguiu o mandato que já buscara em 2012, quando ficou como suplente.

Natural de Florianópolis, suas bases eleitorais são o Centro e o Continente, onde conseguiu maior número de votos. Afirma que sempre teve envolvimento com questões “mais políticas”, pois atuava no grêmio estudantil da escola e no diretório acadêmico da faculdade.

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— Sempre quis ser candidato, até que chegou uma hora que eu disse, ‘vai ser esse ano’, e daí foi em 2012 — conta.

Presidente do Instituto de Formação de Líderes (IFL), entidade que, segundo ele, estimula a formação de líderes baseada nas ideias da liberdade individual, política e econômica.

O slogan de sua campanha era “Floripa mais livre”, e sua principal bandeira é o desenvolvimento econômico da cidade e o fim das amarras “burocráticas”, que fazem empresas levar mais seis meses para obter alvará em Florianópolis.

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— Minha luta é contra a mentalidade cartorial que existe no Brasil, esse pensamento antieconômico — revela.

Tem empresas em São José, Palhoça e Biguaçu, e avisa que nas horas vagas seguirá se dedicando aos negócios privados.

Do Procon para a Casa do Povo

(Foto: reprodução / facebook)

Após se eleger na primeira eleição que disputou, Gabriel Meurer, o Gabrielzinho (PSB), quer agora construir no legislativo a mesma imagem combativa conquistada durante os mais de 10 anos em que atuou à frente dos Procons municipal e estadual.

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Com 31 anos, nascido e criado em Sambaqui, no norte da Ilha, recebeu 3.196 votos, boa parte deles em sua base eleitoral. Advogado, conta ter sido sondado por Ronaldo Freire (PSB) e Paulo Bornhausen (PSB) a disputar o pleito de 2012, mas recusou os convites.

Em maio deste ano, decidiu que seria candidato. Tem como bandeira uma reforma ampla do legislativo municipal, pois aponta que mais de 80% das leis em vigor na cidade “são inconstitucionais”.

— Muita coisa precisa ser adequada, modernizada, porque tem muita lei aí que está ultrapassada — afirma.

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Também fala em trabalhar a “desburocratização” do serviço público e em criar o “gabinete itinerante” para poder atender as pessoas diretamente nas comunidades.

— Temos muitas empresas de tecnologia que estão saindo de Florianópolis para São José, Palhoça, e precisamos mudar isso. Já o gabinete itinerante irá às comunidades para verificar in loco os problemas da cidade. Vai ser o elo entre as pessoas e o nosso mandato.

Da farmácia e da Lagoa, na Câmara

(Foto: reprodução / facebook)

Com 19 anos, Renato Geske, o Renato da Farmácia (PSOL), deixou Blumenau e se mudou para Florianópolis em 1973. Sua primeira participação na política é anterior a essa mudança, foi no início da década de 70, quando participou da fundação da juventude do MDB, partido político que abrigava opositores do Regime Militar, contrário ao governista Arena.

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O farmacêutico participou da Novembrada, em 1979, quando foi morar na Lagoa da Conceição para se “esconder”. No bairro, abriu a farmácia que está lá até hoje e acompanhou seu nome na urna em 2016. Sua primeira eleição para vereador foi em 1982, ficando como quinto suplente.

Eleito em 2008, cumpriu quatro anos de mandato. Em 2012 foi suplente, mas assumiu o cargo com o afastamento determinado pela Justiça dos atuais (e não mais a partir de 2017) vereadores Badeko (PHS) e Cesar Faria (PSD).

Mais da metade de seus votos vieram da bacia da Lagoa da Conceição, sua base eleitoral, tanto que em apenas dois colégios do bairro fez 24% de sua votação.

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— Vamos fiscalizar o poder executivo, fortalecer a saúde e trabalhar as comunidades de baixa renda, porque se não trabalharmos essa questão com justiça social, teremos o caos na cidade brevemente. Vou trabalhar dentro da filosofia do PSOL.

Dos baldinhos a um gabinete na Câmara

(Foto: reprodução / facebook)

Um dos idealizadores da Revolução dos Baldinhos, projeto de gestão comunitária de resíduos orgânicos sincronizada à prática de agricultura urbana no bairro Monte Cristo, Marcos José de Abreu, o Marquito (PSOL), 36 anos, vai deixar o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), onde é coordenador de programas urbanos, para se dedicar exclusivamente à Câmara Municipal.

Do Morro das Pedras, no sul da Ilha, o engenheiro agrônomo em sua primeira eleição obteve 5.448 votos, o segundo mais votado na Capital. Espalhados, seus votos foram mais numerosos no Campeche e Rio Tavares.

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Marquito diz defender bandeiras “universais”, como “gestão de resíduos, preservação ambiental e segurança alimentar”.

— São bandeiras da cidade, não de determinado distrito — resume.

O psolista afirma que entrou na política pela necessidade de pensar o território florianopolitano de forma “mais intersetorial”. Ocupar um espaço que proporcione um olhar diferenciado para a “periferia”, mais “combativo” e em busca de “justiça social”.

— Vamos reforçar a participação popular na construção do Plano Diretor, e fazer da gestão comunitária de resíduos, do saneamento ecológico e dos direitos humanos pontos fortes do mandato.

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O mais jovem da próxima legislatura

(Foto: Divulgação / Divulgação)

Aos 25 anos, Rafael Daux (PMDB) se candidatou pela primeira vez a um cargo público “para melhorar a cidade” e o “jeito que a política é feita”. Sobre como fazer isso, o empresário florianopolitano diz que “trabalhando com seriedade, sabendo dos problemas e escutando a sociedade” pretende alcançar o objetivo.

Dono de 3.018 votos, Rafael Daux mora no Centro e diz não ter base eleitoral específica. Afirma que dará atenção especial para o saneamento básico, desburocratização, transparência e valorização da iniciativa privada.

Perguntado sobre o que significa na prática a “valorização da inciativa privada”, expõe que seria “dar atenção a ela, escutá-la e criar lei claras”.

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— Um exemplo é o Plano Diretor, a Lei Cidade Limpa, a maioria das leis da Câmara são mal feitas — afirma.

Confrontado com o fato de que o projeto de lei Cidade Limpa não chegou a virar lei, e a lei anterior também virou alvo de investigação policial por supostamente beneficiar empresários de mídia externa, foi questionado sobre como valorizar a iniciativa privada e, ao mesmo tempo, evitar negociatas como as relatadas na denúncia da Operação Ave de Rapina.

— Trabalhar com a iniciativa privada não quer dizer trabalhar para a iniciativa privada.

Na segunda tentativa, o primeiro cargo público

(Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Dono de uma pousada e uma sorveteria na Barra da Lagoa, João Luiz da Silveira, o João da Bega (PSC), recebeu 2.079 votos, especialmente na Barra, Ingleses e Rio Vermelho, onde nasceu e foi criado. Em seu primeiro pleito, em 2012, ficou como terceiro suplente.

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Afirma sempre ter trabalhado junto às “comunidades, associações de moradores e centros comunitários”. Diz que em seu mandato privilegiará as pessoas mais carentes, e buscará atender necessidades comuns a muitas regiões da cidade, como saneamento básico e mobilidade urbana.

— O vereador, além de fiscalizar e propor leis, cabe a ele, em conjunto com as comunidades, lutar pelas demandas dos bairros. Cabe a nós cobrar dos órgãos públicos, como Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e a prefeitura, que seja dado estrutura aos bairros — observa.

Formado em administração de empresas, vai abdicar dos negócios para se dedicar exclusivamente ao legislativo. Atualmente, diz estar empenhado em “eleger Gean Loureiro”, e depois vai articular a “montagem de gabinete” e “levantar as principais demandas de seus eleitores”.

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Perguntado se aceitará um eventual convite para assumir alguma secretaria, garante que “não”, porque foi eleito “para ser vereador”.