– A mais antiga luta da história, que é pela liberdade, não se detém, mas sim se expande e se aprofunda com a sociedade digital – com essa frase, Manuel Castells encerrou sua aula magna ministrada na noite desta quinta-feira no Teatro Governador Pedro Ivo, em Florianópolis, em comemoração aos 50 anos da Universidade do Estado de Santa Catarina.
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Um dos mais importantes pensadores mundiais, o sociólogo espanhol é referência em temas relacionados a transformações sociais decorrentes das novas tecnologias no fim do século 20 e no início do século 21.
Castells abriu o encontro desta quinta-feira – que tinha como tema “Vigilância, Contravigilância e Privacidade em um Ambiente Digital” – explicando que a sociedade se constitui em torno de relações de poder e contrapoder, e que ambos dependem da comunicação.
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– Nossa mente só recebe informações através de processos de comunicação. Hoje, 97% da informação disponível está digitalizada. Além disso, 50% da população adulta do planeta tem um smartphone – afirmou.
Após apresentar alguns conceitos e dados, o sociólogo passou a falar mais especificamente sobre o tema da privacidade. Segundo Castells, tudo o que os usuários fazem hoje na internet, todos os serviços que usam, pagam com seus próprios dados pessoais.
Manuel Castells concede entrevista ao vivo na sede do Grupo RBS, em Florianópolis
– Tudo está identificado digitalmente. Se você usa um cartão de crédito, por exemplo, tudo o que você faz fica registrado para sempre. Para participar deste mundo da comunicação social é necessário pagar com seus dados pessoais – explicou.
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Para Castells, quanto mais a comunicação estiver descentralizada, mais informações podem ser obtidas para fins de marketing e publicidade. O sociólogo afirma que a privacidade – que é o direito do indivíduo de escolher qual parte de sua vida será pública e qual será privada – existe cada vez menos.
No entanto, para ele, o mais importante é que antigamente apenas os governos podiam vigiar os cidadãos, e hoje essa dinâmica também ocorre no sentido contrário.
– Com um celular em mãos, qualquer pessoa pode transmitir informações. A truculência policial, por exemplo, está sendo revelada graças aos cidadãos que vigiam esses fatos espontaneamente.
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