Por Marcos Mattedi, cientista político e professor da Furb
A mobilização teve bandeiras distintas: a) os manifestantes do Fora Dilma; b) e os manifestantes a favor da Lava-Jato. Apesar de relacionados, estas duas reivindicações têm significados políticos diferentes. O protesto pelo impeachment de Dilma é contra o governo PT. Por um lado, reflete ainda os ecos sulfurosos da campanha presidencial de 2014. Por outro, exprime também o agravamento da crise econômica causada pela recessão e traduz a luta cega da oposição contra o espectro eleitoral do lulismo: o que é ruim para o PT é bom para o Brasil. Já o protesto de apoio a Lava-Jato é contra o sistema político. Por um lado, aponta a exaustão do padrão de reprodução dos partidos fundado na apropriação privada da máquina pública. Por outro, indica o crescente protagonismo político do Judiciário e assinala os limites do pacto político-institucional que uniu corrupção e impunidade judicial. Neste sentido, o impeachment vai sendo convertido numa estratégia de proteção do sistema político contra a Lava-Jato. O afastamento de Dilma ou o “semipresidencialismo” constitui um ardil das lideranças políticas para se autopreservar. Paradoxalmente transforma-se numa blindagem dos partidos contra o clamor de mudança das ruas. A força das ruas fortaleceu a Lava-Jato. Mas não podemos reduzir o combate à caçada jurídica a Lula. Já fizemos isso uma vez e Collor continua nos assombrando. Constitui um desafio que deve unir todos. Afinal, nenhum partido é corrupto sozinho. Por isso faltaram os bonecos de Cunha, Aécio, Renan, Temer… É preciso ir até o fim. Que se vayan todos!
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