Estou feliz com o calor que andou fazendo esses dias. Estou com saudades de andar de bermuda, entrar na piscina, passear de bicicleta com minhas filhas, tomar sorvete.
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Na praia dos Ingleses, em Florianópolis, há esse que é o melhor sorvete do mundo. Está comprovado, inclusive por amigos italianos (todos sabem que italianos acham seus sorvetes os melhores do mundo – na verdade, os italianos acham que qualquer comida feita na Itália é melhor que qualquer comida feita fora da Itália). Chama-se Monte Pelmo e fica em uma casa quase sem sinalização. Você encontra o estabelecimento pela imensa fila que se forma, repleta de turistas educados ou nativos boas-praças. É uma fila feliz. Todos sabem do privilégio que é tomar um sorvete como aquele.
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O creme é feito com frutas de verdade. Eventualmente, estando na fila, você verá funcionários entrando na casa com pitangas de verdade. Ou amoras roxas. Ou morangos, ou lindas jaboticabas. As frutas entram para a cozinha e alguma mágica acontece. Voltam geladas e cremosas, doces como a fruta pura, em uma casca crocante. Alguns turistas pedem oito, 10 sabores na bandeja. Eu peço apenas dois, no cascão, para que possa focar no sabor de cada. E tento ser assíduo no consumo: estando em Floripa, preciso passar na gelateria. Já deixei de ir à Ilha por verificar que o estabelecimento estava fechado naquele fim de semana. Deixei pra depois de setembro, que é o mês em que a Monte Pelmo reabre.
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Funciona assim: todos os anos os simpáticos proprietários passam o verão deliciando turistas nos Ingleses e o inverno de férias na Itália. É uma história que me contaram e explica o recesso de março a setembro. Mas não sei se é real. Com os funcionários converso muito pouco, como um fã reverente que não quer incomodar. Sou apenas grato. Escolho meus sabores, peso, pago, elogio a delícia, seleciono uma pazinha e me vou. Não sei se vão mesmo pra Itália no inverno. Não sei se estão milionários com tantos sorvetes vendidos há meia década. Não sei se sabem que sou um fã mais ou menos célebre.
Na fila do Monte Pelmo somos todos iguais. Não há mais ricos ou mais pobres, mal ou bem vestidos. Não há escritores, esportistas, celebridades. Só há gratidão e respeito, na fila mais feliz do mundo.