Patrício Junior
Presidente do Porto de Itapoá
Notícias nos permitem confirmar algumas variáveis que têm implicações diretas nos portos e no desenvolvimento do País. A principal delas está relacionada ao movimento de nosso comércio exterior e seus impactos. Não obstante uma piora momentânea dos resultados da balança, com déficit comercial em 2014, o movimento de exportações e importações nos portos brasileiros continuará elevado, com forte sobrecarga sobre a infraestrutura hoje disponível, ainda insuficiente.
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O próprio potencial de nossa economia, hoje a sétima maior do mundo, faz com que a tendência se mantenha. A queda nas exportações no ano passado foi transitória, influenciada por fatores exógenos, entre eles, a crise na Argentina, maior compradora de manufaturados brasileiros, e a queda nos preços de commodities. O déficit final também foi pressionado pelo aumento das importações de petróleo.
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Os fatores conjunturais, contudo, não devem nos afastar do norte estratégico. Após os ajustes necessários na política econômica (já em andamento), o País deverá retomar a trajetória de desenvolvimento, possivelmente a partir de 2016. Esse processo deverá estar necessariamente condicionado a uma moderna e eficiente infraestrutura logística, em especial nos portos.
Mais de 95% de nossas trocas comerciais passam pelos portos. O fato de ter ocorrido uma piora no resultado da balança não significa que tenha havido redução nelas. Grande parte dos terminais privativos registrou aumento na movimentação de cargas, sobretudo a de contêineres, em 2014. No Porto de Itapoá, as cargas de importação e exportação superaram a marca de 200 mil TEUs, incremento de 41% em relação à movimentação de 2013. O Plano Nacional de Exportações, com ênfase na conquista de novos mercados e na desburocratização de processos ligados às exportações, pode acelerar os resultados.
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Os investimentos em novos terminais, bem como a ampliação e modernização dos já existentes, devem continuar a merecer a atenção do governo, dentro de um planejamento estratégico que tem o desenvolvimento econômico como meta. Uma série de autorizações para a instalação de novos terminais e de licença para a ampliação e modernização dos existentes vem sendo concedida desde o ano passado.
Paralelamente, mais de uma centena de contratos de terminais arrendados estão em fase final de análise visando à prorrogação, o que garantirá mais segurança jurídica para os investidores e, portanto, mais aporte de recursos no setor.
O resultado de todo este esforço conjugado será o surgimento de uma dinâmica e moderna infraestrutura portuária, decisiva para o crescimento do País. O governo estima em quase R$ 40 bilhões nos próximos dez anos o montante dos investimentos no setor. Com o trabalho e o empenho de todos, esta previsão poderá se tornar realidade.