Há três meses, o publicitário jaraguaense Daniel Zatta Blasczak, 25 anos, decidiu ir para Boston, nos Estados Unidos, para estudar inglês. Ele jamais podia imaginar que, enquanto estivesse aperfeiçoando o idioma, a cidade ficaria sob os olhares do mundo todo em virtude de um atentado, que deixou três mortos e mais de 180 feridos, na segunda-feira.

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Nesta entrevista, concedida via skype na manhã desta quinta-feira, Daniel relata como está o clima na cidade e o que mudou na vida das pessoas após a tragédia. O jaraguaense mora em Brighton, distante cerca de 20 minutos de carro do local da tragédia, e cursa inglês na Boston Internacional School.

Ele ainda não foi ao local do atentado, mas diz que pretende ir nos próximos dias. O retorno de Daniel para Jaraguá do Sul, onde viveu por 20 anos, está previsto para o próximo dia 27, quando poderá matar a saudade dos pais que moram na cidade.

Os responsáveis pelo atentado ainda não haviam sido identificados até o fechamento desta edição, na tarde de ontem. A imprensa americana afirma que imagens de vídeo mostram que dois homens poderiam ter ligação com o ataque.

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A Notícia – O que você estava fazendo no dia da explosão?

Daniel Zatta Blasczak – Eu tinha ido para o outro lado da cidade fazer uma entrevista de emprego. Na volta, o trem parou uma estação antes e vi que estava tudo parado. Caminhei até a estação central, que fica uns dois minutos de trem do local da explosão, e vi que a situação estava caótica. Tinha policiais e bombeiros por todos os lados e as pessoas não podiam passar para um dos lados. Achei que era por causa da maratona, pois ia terminar no Centro. Ninguém falava nada e eu também não me preocupei em saber porque eu ia para a direção oposta da que estava trancada.

AN – Algum conhecido seu ficou ferido?

Daniel – Não. Mas uma amiga estava fazendo compras em uma loja a cerca de 200 metros de onde a bomba explodiu.

AN – Como está o clima na cidade?

Daniel – Muito tenso. As pessoas estão muito desconfiadas, assustadas. A cada 100 metros tem uma barreira policial, pedem documentos, revistam as mochilas. Tenho amigos que moram lá perto e eles contam que as pessoas são paradas e interrogadas pelos policiais a qualquer sinal de suspeita. Na minha rotina, não mudou nada, mas percebi que o policiamento aumentou muito.

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AN – Sua família e amigos ficaram preocupados com você?

Daniel – Naquele dia eu fiquei off-line a tarde toda e quando cheguei em casa tinha uns 50 tweets de amigos. Como eu fazia aniversário naquele dia, havia mensagens de parabéns misturadas com perguntas do tipo “como você está?”

AN – Acha que a cidade voltará logo à normalidade?

Daniel – As pessoas ainda estão muito assustadas. A campanha “Boston Strong” está forte, as pessoas vão se recuperar aos poucos, mas acredito que vai demorar para voltar à tranquilidade que existia antes. Mas ninguém imaginava que isso fosse acontecer.