Vinte e sete vezes a história se repetiu em Blumenau em 2015 até agora. Vinte e sete famílias deixaram de ter um membro em poucos minutos e perderam alguém por conta de um crime. Crime específico, listado no artigo 121 do Código Penal brasileiro e definido em duas palavras: matar alguém. Os casos foram registrados de janeiro até a primeira quinzena de novembro e mostram esse como um dos mais violentos períodos dos últimos anos, com mais do dobro de homicídios do ano passado, quando 12 casos se enquadraram no artigo 121. O número já se iguala à 2011 e pode fazer de 2015 o mais violento dos últimos cinco anos.

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– A questão é que Blumenau deixou de ser uma cidade de interior e com isso ganhou conotações de cidades maiores, e a criminalidade é uma dessas. Junto do aumento da população, aumenta a criminalidade – comenta o advogado penal Rodrigo Novelli, coordenador da comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Blumenau.

::: Maioria dos acusados estão soltos

De acordo com o levantamento feito pela reportagem do Santa e com dados da Polícia Civil de Blumenau, a maior parte dos homicídios na cidade são cometidos com armas de fogo. Das 27 pessoas mortas, 16 foram baleadas, enquanto nove morreram por golpes de armas brancas (facas, tesouras, martelos, etc) e duas foram estranguladas. Osvaldo Augusto da Silva, de 21 anos, foi o primeiro a entrar na estatística, às 5h48min do dia 8 de janeiro, na Rua Barbacena, distrito do Garcia, após levar dois tiros de homens que estavam em uma moto. Os autores do crime até hoje não foram identificados.

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Para Novelli, a questão das armas é um problema nacional que se dá, especialmente, pela falta de fiscalização. Ele ressalta que os números mostram que o blumenauense não é adepto ao porte de armas brancas, que em outras cidades ocupam um pedaço maior da estatística. Dessas armas utilizadas em 16 homicídios, o delegado responsável pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau, Bruno Effori, diz que a grande maioria é irregular:

– São armas quase sempre em situação irregular. Furtadas, com numeração raspada, sem um dono com porte legal, etc. Armas que talvez foram adquiridas legalmente, mas que de alguma maneira foram parar na mão de outras pessoas.

Em meio a debates de leis que tornam o Estatuto do Desarmamento (vigente há 12 anos) mais brando, com o Projeto de Lei 3722/2012, de autoria do deputado catarinense Rogério Peninha Mendonça (PMDB), que foi aprovado por uma comissão da Câmara de Deputados e aguarda votação no plenário, os números de homicídios com armas de fogo levantam questões. Para Novelli, o caso não será resolvido com a mudança de leis, mas sim com uma fiscalização maior do Estado em cima das armas de fogo. O PL 3722, entre outros pontos, reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para a compra de armas e autoriza pessoas processadas ou investigadas a ter e portar armas, a não ser que respondam por inquérito policial por crime doloso.

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Confira o mapa dos homicídios em Blumenau em 2015: