Dos 27 assassinatos registrados neste ano em Blumenau, sete aguardam um desfecho. No entanto, mesmo entre os 20 casos em que os autores foram identificados, nem todos estão presos, de acordo com a Divisão de Investigação Criminal (DIC). Neste momento, entre as 27 pessoas apontadas como autoras de 20 homicídios, somente seis estavam atrás das grades nesta terça-feira, dia 17 de novembro, segundo informações do Presídio Regional de Blumenau.
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– O ato de matar alguém é o crime mais grave de todos. É um ponto em que todas as amarras éticas de pessoa se soltaram, mas é preciso observar cada caso. Por lei, a pessoa não pode ficar presa sem uma sentença, para que ela não fique presa injustamente, pois mesmo que comprovada a autoria existem casos de legítima defesa, por exemplo, que atenuam o crime. O problema que enfrentamos no Brasil é a demora nos julgamentos. O procedimento é feito corretamente e a pessoa fica aguardando o julgamento em liberdade, a não ser que ela represente algum risco comprovado para a sociedade ou que possa destruir evidências, mas como os processos na Justiça demoram demais, a pessoa acaba ficando muito tempo em liberdade nesse processo. – explica o advogado especialista em direito penal, Rodrigo José Leal.
O advogado cita também um dado da Organização das Nações Unidas (ONU), que coloca como “limite aceitável” para a taxa de homicídios em cidades o número de 10 casos para cada 100 mil habitantes. Com mais de 330 mil habitantes, Blumenau fica abaixo do indicador.
– Ainda é um bom indicador, mas é preciso observar os locais onde os crimes mais acontecem e os motivos por trás de cada um, para assim tratar as causas com políticas de prevenção – afirma Leal.
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Velha e Itoupava Central lideram ranking de bairros
Do total de assassinatos, 44% foram cometidos em dois bairros da cidade: Itoupava Central e Velha. Ambos registraram seis casos no ano, seguidos pelo distrito do Garcia com cinco, Itoupavazinha e Ponta Aguda com dois casos e Escola Agrícola, Progresso, Ribeirão Fresco, Salto do Norte, Salto Weissbach e Vila Itoupava com uma morte em cada.
Como causa desses crimes, a grande maioria é definida como desavença, como, por exemplo, a registrada na Itoupava Central no dia 15 de agosto, quando uma briga de família terminou com Valther Figueiredo Dellagustina atirando contra a namorada e o sogro. Um crime que completou a estatística de dez casos classificados como desavença, ao lado de brigas de bar e discussões que terminaram com vidas perdidas. Os casos são seguidos de quatro homicídios resultantes de disputas de tráfico de drogas, três vinganças, dois casos de violência doméstica, dois de infanticídio e duas execuções. Um crime foi classificado como passional e outro como roubo seguido de assassinato (latrocínio). Outros dois casos ainda não foram esclarecidos.
Entre as vítimas, a maioria homens adultos com mais de 30 anos de idade. Com menos de 18 anos, apenas duas crianças recém-nascidas mortas pelas mães. Ambas atualmente aguardam julgamento em liberdade. Jéssica Pereira, de 20 anos, teria matado o bebê com golpes de tesoura após o parto dentro de casa, no Salto Weissbach, no dia 19 de fevereiro, enquanto a haitiana Bertina Millen, 22, teria asfixiado o bebê e enterrado o corpo no Garcia.
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Confira o mapa dos homicídios em Blumenau em 2015: