Embora trabalhe com pouquíssimas informações, a Prefeitura de Florianópolis estima que a chegada de 46 imigrantes haitianos e senegaleses à Ilha de SC ocorra na madrugada deste sábado para domingo.

Continua depois da publicidade

Equipes da Secretaria de Assistência Social (Semas) estão de plantão desde cedo e devem permanecer fazendo rondas na rodoviária, onde os refugiados serão recebidos e conduzidos a um abrigo montado especialmente para isso.

Os refugiados – 24 haitianos e 22 senegaleses – saíram na quinta-feira de Rio Branco, no Acre, e viajam 4 mil quilômetros de ônibus até a capital catarinense.

Segundo informações preliminares obtidas pela Semas, a chegada à rodoviária de Florianopólis ocorrerá depois da meia-noite. A previsão inicial, de que seria na manhã de domingo, foi mudada após novas atualizações.

Continua depois da publicidade

Aviso na porta de abrigo no AC indica cidades em que imigrantes ficarão. Foto: Wembley Methas, arquivo pessoal

Os refugiados, que chegarão em dois ônibus, ficarão no Ginásio Saul Oliveira, o Capoeirão, no bairro Capoeiras. Na sexta-feira, representantes da prefeitura de Florianópolis vistoriaram o espaço e o liberaram para receber os haitianos e senegaleses.

Em SC, as maiores concentrações de imigrantes haitianos ficam no Oeste e no Sul, e não na Grande Florianópolis, principalmente por conta da produção agrícola e da indústria cerâmica.

Continua depois da publicidade

Quebra de acordos causa mal-estar entre Estados

A polêmica começou após o Diário Oficial do Acre publicar, em 12 de maio, detalhes sobre a contratação de ônibus para levar imigrantes em “caráter de emergência social” para outros Estados.

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos do Acre, oito veículos com capacidade para 44 passageiros cada devem sair do Norte do país até o fim do mês, somando cerca de 350 pessoas. A pasta diz que 95% deles pretendiam se estabelecer em São Paulo, mas a suspensão do acordo que permitia o envio dos imigrantes para lá fez o Sul do país se tornar a opção mais viável.

Muitos dos estrangeiros também pretendiam viajar até Porto Alegre (RS), mas um acordo informal entre a prefeitura da capital gaúcha e o Governo do Acre adiou a partida deles. A intenção era evitar que chegassem à capital gaúcha na madrugada de domingo, em meio a uma greve dos servidores municipais. Na noite de sexta-feira, entretanto, Porto Alegre foi informada de que o acordo havia sido descumprido e que os imigrantes já haviam saído do Acre.

Continua depois da publicidade

No Acre, o secretário dos Direitos Humanos do governo estadual, Nilson Mourão, disse que o destino final dos imigrantes seria Curitiba (PR). Os que iriam para o RS iniciariam viagem a partir de segunda – informação contestada pela empresa de transporte Eucatur e pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Porto Alegre.

Um longo trajeto até o Sul do Brasil

Dois anos após o terremoto que transformou em escombros a capital do país mais pobre das Américas, a saída para muitos haitianos têm sido procurar no Brasil as condições de vida que não existem dentro de suas fronteiras, onde 60% da população está desempregada e 4,5 milhões sofrem com a escassez de alimentos.

O Acre tem sido a maior porta de entrada para refugiados e estrangeiros em busca de trabalho no Brasil – especialmente haitianos, que ainda sofrem consequências do grande terremoto de 2010.

Continua depois da publicidade

Segundo a ONG Repórter Brasil, mais de 22 mil haitianos entraram no país entre 2010 e 2014. Dados Conselho Nacional de Migração, entretanto, falam em até 40 mil haitianos neste período, sendo que um terço deles teria cruzado a fronteira com ajuda de coiotes.

Na fronteira brasileira, Brasileia (AC) é um dos pontos de entrada. Sozinhos ou com as famílias, enfrentam um roteiro complexo, muitas vezes com passagens por outros países, como Peru e Venezuela. Ali, protocolam um registro de refúgio em um posto da Polícia Federal, onde recebem a autorização provisória para permanecer no Brasil.

Após um tempo de espera, imigrantes haitianos ganham autorização para usar o Sistema Único de Saúde (SUS) e trabalhar com carteira assinada. Vários chegam ao país e acabam trazendo os parentes mais tarde.

Continua depois da publicidade

Embaixador do Haiti conversa com imigrantes na Univali em Itajaí

Idiomas, leis e preconceito são barreiras para haitianos em SC