Assim que Mark Zuckerberg entrou no palco para a principal conferência do primeiro dia do Mobile World Congress, em Barcelona, a pergunta era: o “guru” da conectividade vai ou não falar abertamente sobre a compra do WhatsApp? Seria embaraçoso para o dono do Facebook comentar o negócio bilionário, que foi seguido da maior e mais longa falha no funcionamento do aplicativo dias depois?

Continua depois da publicidade

De calça e camiseta, Zuckerberg respondeu. Mas não se deixou constranger pela plateia de engravatados que se apertaram por horas em uma fila gigantesca para vê-lo. Defendeu a compra, garantindo que fez um “bom negócio”:

– É o melhor aplicativo que vimos no celular. Há poucos serviços que conectam tanta gente. Já vale mais do que pagamos.

E fez questão de assinalar que o aplicativo de mensagens é seguro e não perderá a privacidade:

– O WhatsApp definitivamente não vai mudar. Faz parte do acordo.

Continua depois da publicidade

Mas Zuckerberg não queria falar muito sobre esse negócio. Queria mesmo era apresentar seu mais novo projeto, o internet.org. Lançado em 2013 e tendo Samsung, Opera, Nokia, Ericsson, Mediatek e Qualcomm como parceiros, tem a meta de democratizar o acesso à internet no mundo, oferecendo gratuitamente serviços básicos como a troca de mensagens.

A ideia é compartilhar recursos, ferramentas e práticas já adotadas pelas grandes empresas colaboradoras para explorar soluções que possam tornar redes de dados mais eficientes, sem que seja preciso de pagar mais por isso.

Em um primeiro cenário, o dono do Facebook define o projeto como promissor e vê com otimismo os resultados dos meses iniciais de atividade. Segundo Zuckerberg, o projeto implementado nas Filipinas com melhorias de banda larga e software fez o número de usuários de internet dobrar. O país é apontado como detentor da pior internet móvel do mundo.

Mas quando se fala em rentabilidade, o dono do Facebook não deixa claro qual seria a base lucrativa do projeto. Pelas palavras de Zuckerberg, o negócio tende a se tornar algo com perfil mais filantrópico do que rentável:

Continua depois da publicidade

– Provavelmente vamos perder algum dinheiro no início. Nunca dei muita importância para isso. É algo bom para o mundo – completou.

Zuckerberg “não curtiu”

Outra pergunta que muita gente queria fazer a Zuckerberg era sobre a oferta feita ao SnapChat – recusada pelos desenvolvedores Evan Spiegel e Robert Murphy, da Universidade de Stanford. O aplicativo tornou-se popular há cerca de um ano e conquistou um público em sua maioria adolescente por ser uma forma divertida de envio de fotos para os seus contatos – sem que a imagem fique eternizada na rede, como no Instagram.

Ao final da conferência, um jornalista perguntou sobre a recusa a Zuckerberg, que não respondeu. Questionado novamente – e dessa vez sobre se voltaria a fazer alguma proposta pelo SnapChat -, o dono do Facebook foi irônico:

– Depois de comprar uma companhia por US$ 16 bilhões, você provavelmente está feito por um tempo.

Continua depois da publicidade

A jornalista viajou a convite da Samsung