Quando chegou na produtora, no meio da tarde de ontem, Arnaldo Zimmermann teve o primeiro momento em que pôde parar e respirar. No primeiro dia oficial de campanha, o candidato do PCdoB cumpriu compromissos que mais podem se comparar com a rotina de qualquer outro blumenauense: acordou cedo, levou os filhos para a escola, enfrentou o trânsito, foi ao banco, pegou longas filas, se irritou com o banco e enfrentou o trânsito novamente. Nesse meio tempo, ainda separou alguns minutos para comprar duas novas camisas.
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– Menos listrada. Não pega bem.
Nada de pedir votos na rua ou ter compromissos públicos. O candidato do PCdoB passou o dia resolvendo problemas burocráticos e bastidores dos programas eleitorais. Na produtora, que fica em um escritório com intensos aromas impregnados de cigarro às margens da Rua das Missões, Zimmermann teve de lidar com a sua primeira dificuldade da campanha: o próprio nome. Sem conseguir encaixar as 17 letras em uma música, hoje, ele é um homem sem jingle.
– Ar-naldo Zi-mmermann, é 65 ? – cantarolava ao telefone, sugerindo para algum publicitário.
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Ao lado de Carlos Eduardo Pimpão e Miriam Mesquita, seus braços fortes para a produção dos programas eleitorais, o único momento em que o silêncio predominou foi quando ele precisou avaliar vídeos dos primeiros programas que rodarão a partir de 26 de agosto. Compenetrado como se estivesse apreciando sua própria voz ou editando áudio para o rádio, ele avalia, sem muita crítica, as imagens.
– Gostei. Até os que eu errei eu gostei. Vocês que mandam, só me mostrem depois o que escolherem – disse aos colegas responsáveis por sua campanha.
Meio perdido, como quem não está mais acostumado com a rotina de uma corrida eleitoral, ele atende aos telefonemas. Aliás, o toque da introdução de uma música indie rock, provavelmente foi o som mais entoado da tarde, de tantas vezes que o telefone de Zimmermann foi acionado. E o professor universitário, jornalista e radialista não está adaptado ainda com essa situação:
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– Não estou preparado para tanta ligação ou mensagem.
Em raros momentos de descontração, os produtores ironizam a careca brilhante do candidato. Professor Xavier, um dos poderosos dos X-Men, e Kojak, detetive policial de um seriado famoso dos anos 1980, surgem como piadas internas que se tornam brincadeiras para quebrar o gelo.
– É até bom o fato de ele não ter cabelo, facilita a edição do vídeo – brinca Pimpão.