O cartunista Zé Dassilva está completando 25 anos como chargista do Diário Catarinense e nos outros jornais da NSC Comunicação. Neste período, produziu charges sobre os mais variados temas e conquistou reconhecimento em Santa Catarina e no país.

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– Nesses 25 anos, calculo ter feito quase 10 mil charges para o DC. Quando comecei não havia redes sociais e os leitores participavam menos, não imaginava o alcance que elas teriam atualmente. Hoje, elas repercutem nas redes sociais, são compartilhadas, algumas viralizam, outras viram questão de vestibular ou saem em livros no exterior – diz o cartunista.

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Ao destacar o trabalho mais marcante nestas duas décadas e meia, ele cita a charge que conquistou o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, em 2021.

– Desenhei uma motociata festiva comandada pelo ex-presidente que desfilava com seus seguidores enquanto, no cruzamento, uma interminável fila de carros funerários aguardava. Foi também uma época muito difícil para as charges. Elas muitas vezes se valem do humor para passar a mensagem, mas naquela época muitas vezes isso era impossível. A principal função da charge não é fazer rir, é causar a reflexão sobre o noticiário – conclui.

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Confira as charges do Zé Dassilva no NSC Total

Para comemorar a data, a reportagem conversou com Zé Dassilva sobre a trajetória e lançou um desafio: escolher charges que marcaram essas bodas de prata. Você vê os trabalhos selecionais ao longo destas páginas.

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“A principal função da charge não é fazer rir, é causar reflexão”

Tem gente que escolhe a profissão e tem quem descobre a habilidade de criar personagens e contar histórias ainda criança. Foi assim, aos seis, sete anos, que Zé Dassilva começou a criar os primeiros traços, que mais tarde o consolidaram como um grande chargista no país.

Natural de Criciúma, Zé conta na entrevista a seguir detalhes de como iniciou nas charges, da relação com o Tigre – time do coração que já recebeu inúmeras homenagens em série e novelas da Globo em que ele atua como roteirista –, dos momentos mais marcantes da carreira e dos desafios do jornalismo.

Confira a seguir:

Como começou a sua relação com as charges?

Minha mãe me ensinou a ler com cinco anos e, dali em diante, já comecei a desenhar e a criar histórias. Eu tanto editava revistas jornalísticas em cadernos como também inventava personagens e produzia histórias em quadrinhos deles, fazendo o roteiro e desenhando. Isso com seis, sete anos. Muita gente escolhe uma profissão, mas eu apenas continuei fazendo o que sempre fiz.

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Olhando para trás, quando você era um iniciante, imaginava produzir charges por mais de duas décadas para o Diário Catarinense?

Muita coisa aconteceu nesse meio tempo, tanto na minha vida como na imprensa. Comecei com as charges em 1998 e, dois anos depois, fui para o Rio de Janeiro, quando a Globo me contratou como roteirista para escrever séries e novelas. Mas mesmo à distância sempre continuei com a charge. Muita gente vê uma notícia e faz um post com textão. Já eu, vejo a notícia e faço uma charge – que, muitas vezes, não tem texto nenhum.

Acho que o desenho sem texto provoca ainda mais o pensamento do leitor. Quando comecei no DC, não havia redes sociais e os leitores participavam menos, por isso outra coisa que eu não imaginava era o alcance que elas teriam atualmente. Hoje, elas repercutem nas redes sociais, são compartilhadas, algumas viralizam, outras viram questão de vestibular ou saem em livros no exterior. Nesses 25 anos, eu calculo ter feito quase 10 mil charges pro DC.

Das principais charges, qual delas você escolhe como a mais marcante?

Acho que aquela que ganhou o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2021. Não só pela importância do prêmio, mas também pelo momento em que o Brasil vivia, no auge da pandemia do Covid-19 e do negacionismo. Desenhei uma motociata festiva comandada pelo ex-presidente que desfilava com seus seguidores enquanto, no cruzamento, uma interminável fila de carros funerários aguardava. Foi também uma época muito difícil para as charges.

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Elas muitas vezes se valem do humor para passar a mensagem, mas naquela época muitas vezes isso era impossível. A principal função da charge não é fazer rir, é causar a reflexão sobre o noticiário. A gente tenta fazer as pessoas pensarem, mas nem sempre elas têm habilidade para isso.

O Criciúma mora no teu coração?

Eu morava na rua do estádio do Criciúma, ia com meus amigos a todos os treinos quando criança. E depois ainda jogávamos bola no campo, quando o treino acabava. Foi na época em que ganhamos o título estadual pela primeira vez, em 1986. Aí, depois veio o título da Copa do Brasil de 1991, disputamos a Libertadores de 1992… Não consigo deixar de acompanhar e torcer, é mais forte do que eu!

Já homenageei o time em várias novelas, fazendo algum personagem citar o Criciúma ou a cidade. E o mais engraçado é que outros roteiristas também faziam isso, em outros programas, e vinham me contar. Vamos ver se conseguimos subir pra Série A esse ano!

Quais os momentos mais marcantes do jornalismo pra você?

Acho que não só grandes fatos marcam o jornalismo, mas também os desafios que surgem para a imprensa: a chegada da internet, a diminuição dos impressos, o fim da obrigatoriedade do diploma, as redes sociais, as fake news. O jornalismo permanece mais vivo do que nunca, o que atrapalha são os genéricos. Um grande problema que existe hoje em dia é que quem se beneficia da desinformação descobriu que até uma pessoa com diploma universitário e que se acha esclarecida pode visitar um site de notícias fake e achar que está num site de notícias de verdade.

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A ponto de acreditar tanto numa mentira, que ficam violentos ao defendê-la. E como se combate isso? Com mais informação. Por isso que estamos aqui, e acho que as charges ajudam nisso.

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