O cartunista Zé Dassilva tem mais de duas décadas de história como chargista na NSC Comunicação. Mas sua trajetória daria um verbete gigante na Wikipedia: roteirista de novela da Globo premiada com Emmy Internacional e considerado um dos maiores talentos de sua geração, o catarinense de Criciúma construiu uma trajetória que bem poderia ser um roteiro de novela, daquelas que ele mesmo escreve.

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Tudo começou em um show da Banda Eva, ainda nos tempos de Ivete Sangalo. Aos 24 anos, o jornalista formado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aproveitou a oportunidade e entregou ao então diretor da RBS em Santa Catarina, Pedro Sirotsky, uma caricatura desenhada em um pequeno guardanapo. Poucos dias depois, estava na porta do Diário Catarinense para iniciar uma fase de testes como chargista. 

> Confira as charges diárias de Zé Dassilva

A charge traz para discussão assuntos factuais
A charge traz para discussão assuntos factuais (Foto: Charge Zé Dassilva)

Começou fazendo charges na página do colunista esportivo J.B. Telles. Meses depois, em 5 de agosto de 1998, já estava efetivado na empresa. Aos 26 anos, um novo desafio: Zé foi chamado para integrar a equipe de roteiristas da Rede Globo — isso após uma seleção entre 1,6 mil candidatos. No dia 10 de maio de 2000, iniciou na emissora, deixando SC e foi com família para o Rio de Janeiro, onde mora atualmente.

Zé Dassilva, que em 2020 completa 22 anos como chargista na NSC, começou a fazer roteiros de humor para programas como Sai de Baixo, Sob Nova Direção, Gente Inocente, Casseta & Planeta, Turma do Didi, Os Caras de Pau e vários outros. Por três anos, contou histórias de crimes reais no programa Linha Direta, no qual foi redator-final. Também colaborou em produções dos canais Futura e GNT.

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Dos programas de TV, Zé passou aos roteiros de novela. Entre os trabalhos estão quatro temporadas de Malhação e novelas como Pega Pega, de Claudia Souto, com quem está colaborando novamente em um novo projeto para a faixa das 19h, ainda sem data para estreia, já que as gravações de telenovelas estão pausadas na emissora em decorrência da pandemia do novo coronavírus

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Da sua história como roteirista, o destaque fica para a participação na trama de Império, de Aguinaldo Silva, que recebeu em 2015 o prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela. Reconhecimento internacional que muito orgulha José da Silva Júnior, que logo no início da carreira adotou a alcunha de Zé Dassilva, em homenagem ao sobrenome Silva, herdado do pai, um ex-mineiro e ex-bicheiro que casou com uma ex-freira que abandonou o hábito. Professora, foi com ela que adquiriu o hábito da leitura, como lembrou em entrevista para TV da Assembléia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). 

Dos desenhos para as palavras

A paixão de Zé Dassilva pelos desenhos começou ainda na infância, antes de aprender a escrever. Formou-se jornalista aos 20 anos. Duas primaveras depois, já estava lançando seu primeiro livro: Histórias que a Bola Esqueceu. A obra homenageia o lendário time de futebol de Santa Catarina, o Metropol e ele planeja uma terceira edição ainda para este ano, que saíra pela Carbo Editora.

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Praça XV por Zé Dassilva
Praça XV por Zé Dassilva (Foto: Arquivo Pessoal)

Sim, Zé também tem livros que levam sua assinatura — cerca de dez, contabiliza ele. Alguns trazem seus desenhos que ilustram histórias de outros escritores, em outros é o seu texto que conduz o leitor. E o futebol ganha destaque nesse capítulo. Do orgulho dos trabalhos encadernados, Zé ressalta a co-autoria do “Almanaque do Futebol Catarinense” (escrito junto com o jornalista Emerson Gasperin), publicado em 2011, e “The Yellow Book”, de 2014, livro bilíngue sobre os 100 anos da Seleção Brasileira.

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Como cartunista, também produziu animações e vinhetas para TV Globo, Canal Futura e SporTV. E para as telonas, Zé também tem um capítulo. Tem se reunido com dois colegas, o ator Marcos Veras e o roteirista Dino Cantelli, para desenvolver ideias de séries e filmes – e também tem projetos para cinema com a diretora Teresa Lampreia, que está radicada nos Estados Unidos. Em 2016, assinou o roteiro de Se a Vida Começasse Agora, filme ambientado em diferentes edições do Rock in Rio, e que ainda aguarda lançamento.

Zé Dassilva aproveita viagens para registrar em desenho
Zé Dassilva aproveita viagens para registrar em desenho (Foto: Arquivo Pessoal)

Se a sua história um dia virar novela, as charges ganham espaço importante, pois são elas que tomam boa parte do seu dia. Os traços podem ser feitos em 30 minutos ou uma hora, mas é o que ele consome de notícia durante todo o dia que alimenta a criatividade de desenhos que as vezes precisam de palavras, mas na maioria das vezes falam por si só.

E os desenhos surgem em todos os momentos. Acostumado no home office, quando sai para viagens ou até mesmo para um bar com os amigos o caderno de desenho vai junto. Esses registros não ficam guardados, aquarelas e reproduções se transformam em quadros que já foram expostos algumas vezes, inclusive fora do país. A mais recente exposição foi no Consulado da Itália no Rio de Janeiro, que recebeu alguns registros feitos pelo chargista quando esteve naquele país.

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O que passa na cabeça do Zé Dassilva na hora de fazer a charge?