O volante Zé Antônio, ex-Figueirense, encerrou seu contrato com o Joinville e paralisou a carreira de jogador de futebol. Aos 37 anos, o atleta escolheu ficar ao lado da família em um momento difícil, com a morte do sogro e a internação da sogra por conta da Covid-19. O profissional vê como insegura a sequência dos jogos em meio à pandemia do novo coronavírus.
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— Decidi parar no momento, primeiro, porque minha mulher é filha única, perdeu o pai por Covid e a mãe está bem debilitada. Temos um bebê de seis meses. Não posso e nem quero ficar longe dele e da minha esposa nesse momento tão difícil. Se eu desse sequência à carreira, deixaria minha esposa com um bebê para cuidar e também com a mãe, que não está bem e é idosa — declarou Zé Antônio, através de mensagem à reportagem.
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Os pais de Carolina Pinto, esposa de Zé, foram internados com a Covid-19 no mesmo dia, mas ficaram em cidades diferentes. O pai dela, Acary, não resistiu às complicações. A mãe, Marli, recebeu a notícia do falecimento do marido enquanto estava em tratamento no hospital. Ela recebeu alta e agora retorna para casa, onde recebe o apoio da filha e do genro.
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Com a carreira paralisada, Zé Antônio foca na vida familiar e no crescimento do filho José, de apenas seis meses. O jogador critica a sequência do futebol em meio à pandemia do novo coronavírus. Pelo Joinville, o volante contraiu a Covid-19 logo após chegar ao clube. Em março, o JEC vivenciou um surto da doença com mais de 30 casos registrados.
— Não se sabe ao certo o que o vírus causa no corpo, mesmo daqueles que se recuperam. Acho de verdade que no futebol a saúde não está em primeiro lugar, mas sim o dinheiro. Os atletas se tornam reféns, pois precisam levar seu sustento para casa. Mas e a sua saúde, da sua família, dos pais? Está errado. Sem saúde e sem segurança o futebol não deve seguir — pontua o volante.
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A saída de do Joinville foi informada pelo clube no último dia 14. Segundo a nota oficial do JEC, houve um “acordo amigável” entre as partes. A instituição desejou “toda a força ao atleta e sua família”. Apesar de curta, a passagem pelo Tricolor fica marcada por dois títulos, da Copa Santa Catarina 2020 e da Recopa Catarinense 2021. Zé Antônio afirma que não se sentia seguro atuando neste momento.
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— Já ouvi jogadores dizendo que pegaram e não tiveram nada, que temos uma saúde boa e não precisamos nos preocupar. Mas isso é ignorância, falta de conhecimento. Vemos federações dizerem que o futebol é seguro. Mas é mesmo? Há o risco dos testes com falsos negativos e a doença se espalha. Assim foi o surto com os atletas do JEC — analisa.
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Revelado pelo Botafogo-SP e com passagens em clubes como Atlético-MG, Athletico, Sport e Goiás, Zé Antônio acredita ter ainda condições de atuar no futebol profissional. No momento, a opção é se dedicar à família. Ele e a mulher, além do filho, estão em Cajobi, no interior de São Paulo. O volante reclama de falta de apoio aos profissionais do futebol durante a pandemia e planeja o retorno apenas após a vacina.
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— Ao meu ver, o Governo Federal, em conjunto com a CBF, que é um órgão milionário, deveria estender a mão e fazer um plano de socorro aos atletas. Propor aos clubes verbas para que atletas pudessem estar em suas casas até que isso tudo se resolvesse. Mas, como eu disse antes, para a roda não parar de girar, alguém precisa pagar o preço — argumenta o jogador.
Volto quando estiver vacinado. O que não deveria ser algo difícil, né?
Em um momento que o futebol se aproxima das pautas sociais, Zé Antônio não deixa de se posicionar. Além da crítica à demora da vacinação no Brasil, o atleta se manifesta sobre temas políticos e da sociedade, como na última greve da Comcap, em Florianópolis, quando publicou vídeo apoiando os trabalhadores. Apesar do perfil mobilizador, ele vê dificuldades em uma união dos jogadores visando melhorias para a categoria.
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— Falta organização para tal movimento, também os atletas têm medo de retaliações, na minha opinião. São vítimas do sistema. Não sabem que eles estão jogados à própria sorte. Para fazer isso, seria precis suportar a pressão que viria. Um movimento requer força e resiliência. Senão, seremos mais uma voz abafada e sufocada — finaliza.
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