O YouTube tirou do ar, na noite desta segunda-feira (25), a live semanal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transmitida na última quinta (21). Facebook e Instagram fizeram o mesmo no domingo (24). Nela, Bolsonaro leu uma suposta notícia que alertava que “vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”. 

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Médicos, no entanto, afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa, inexistente e absurda. A relação estabelecida por Bolsonaro gerou revolta nas comunidades médicas e científicas nos últimos dias.

Em entrevista à reportagem, Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), classificou a live como absurda, trágica, falsa, mentirosa e grotesca. 

“Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a Covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas”, disse o YouTube, em nota.

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“As nossas diretrizes estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda. Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política”, completou. 

A plataforma também suspendeu por uma semana o canal de Jair Bolsonaro. Ele não poderá publicar novos vídeos nesse período. Caso ele volte a publicar um vídeo com desinformações em 90 dias, a suspensão dobrará de tempo. 

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Médicos e cientistas ouvidos pela reportagem afirmam que a relação entre a vacina contra a Covid-19 e a Aids é absurda. Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, destaca que as vacinas da Covid não utilizam nenhum fragmento de HIV em sua composição. 

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Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, destaca que as vacinas da Covid não utilizam nenhum fragmento de HIV em sua composição. Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin (EUA), reforça: 

— Não tem nenhuma possibilidade ou plausabilidade dessas vacinas fazerem isso. A afirmação é absurda e anticientífica.

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Além disso, enfatiza Suleiman, são doenças com transmissões completamente diferentes. Enquanto o HIV é transmitido por meio de relações sexuais e compartilhamento de seringas, o novo coronavírus que causa a Covid se espalha por meio da respiração. 

— O presidente tem uma fixação anal e precisa ir para o divã. Ao dizer isso, o presidente coloca em xeque o PNI [Programa Nacional de Imunização].

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*Por Camila Mattoso.

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